LAURA MULLER

“SOU UMA PESSOA COM MÚLTIPLAS POSSIBILIDADES NO TRABALHO E NA VIDA”

 

Mineira de Juiz de Fora e aquariana, nascida em 25 de janeiro, Laura Andreia Moreira Muller é psicóloga clínica especialista em educação sexual e comunicadora social. Desde 2007, é a sexóloga do programa Altas Horas, da TV Globo, onde faz sucesso respondendo perguntas da plateia e de famosos nas noites de sábado. É autora dos livros “Sexo para adultos – Tudo o que você sempre quis saber, mas não tinha coragem de perguntar” (2016), “Meu amigo quer saber… Tudo sobre sexo” (2015), “Educação sexual em 8 lições – Como orientar da infância à adolescência – Um guia para professores e pais” (2013), “Altos papos sobre sexo – dos 12 aos 80 anos” (2009), “500 perguntas sobre sexo adolescente” (2006) e “500 perguntas sobre sexo” (2001). Além de ministrar palestras por todo o Brasil, Laura atende jovens, adultos e casais em seu consultório particular em São Paulo. Atualmente oferece conteúdos educativos em seu site www.lauramuller.com.br e nas redes sociais: no Facebook e Instagram com @lauramulleroficial.

Em breve, também lançará uma plataforma de ensino à distância. Carismática e comunicativa, Laura Muller criou uma nova linguagem para falar sobre sexo, conquistando públicos de várias faixas etárias, sempre com um sorriso no rosto e uma simpatia contagiante. Figura conhecida e querida por onde passa, ela não se considera uma celebridade, muito menos uma “deusa do sexo” como já se referiram a ela. “A gente sabe e estuda a teoria, mas na prática somos todos iguais, temos altos e baixos, falhas, dificuldades… Mas tem aquela imagem que sexólogo é o ‘Deus do Sexo’ e não é assim. Erramos e acertamos como qualquer um”, revela. Estrela de capa desta edição de Cult, Laura Muller fala sobre o seu trabalho, realização profissional, novos projetos, sucesso num universo que ainda é tabu e, claro, de sexualidade, onde se destaca pela postura descontraída, conhecimento, autenticidade e muito jogo de cintura para responder aquelas perguntinhas mais “inusitadas”. Curtam o nosso bate-papo com Laura Muller.

 

Como você define Laura Andreia Moreira Muller?

É difícil a gente se definir. Profissionalmente, hoje sou psicóloga e educadora sexual, mas já trabalhei muitos anos como jornalista, minha primeira formação, além de já ter sido jogadora de vôlei. Enfim, sou uma pessoa com múltiplas possibilidades de trabalho e também de viver a vida como um todo.

Como avalia o seu trabalho? O que mais te motiva?

Meu trabalho é uma constante descoberta e cada dia aprendo um pouco mais. O que me motiva é buscar fazer sempre da melhor forma possível, consciente de que perfeição não existe, mas que vale a pena a gente se empenhar para fazer um bom trabalho, seja nas palestras que dou pelo Brasil afora, seja no consultório, nos livros, nos novos projetos, na gravação do Altas Horas, nas entrevistas como esta aqui. Quando me desempenho para fazer o melhor, isso é bastante gratificante! E pode ser transformador e ajudar de alguma forma a sociedade como um todo.

Onde você mais se realiza pessoal e profissionalmente: como escritora, sexóloga, palestrante, psicóloga clínica, mulher?

Todas as áreas da minha vida me oferecem uma dose de prazer e de realização. Não saberia dizer qual a
área que me realiza mais. Acho que de tudo um pouco: todas essas áreas fazem parte da minha vida e me complementam.

Considera o programa “Altas Horas” um divisor de águas na sua carreira? Quantos anos com Serginho Groisman?

Sim, o Altas Horas é um divisor de águas na minha carreira. Antes de eu entrar no programa, já trabalhava com educação sexual há uns 10 anos, e como o sexo é um assunto muito tabu na nossa cultura, era bastante difícil emplacar alguma palestra em algum lugar mais conservador. As pessoas ficavam preocupadas com o que o sexólogo ou a sexóloga iriam dizer. Tinham receio de falarmos algo vulgar ou inadequado. E no programa Altas Horas, essa abertura que eu tenho lá, dada pelo Serginho e por toda equipe da Globo, é algo transformador. A abertura de poder falar de forma franca, aberta, esclarecedora, mostrando que o trabalho de educadora sexual não tem nada de vulgar, ao contrário, a gente faz algo focado em transformar a sexualidade em algo cada vez mais saudável, responsável e prazeroso. Então, o programa Altas Horas, chegando na casa de todo mundo que assiste, causando essa repercussão toda, é um grande divisor de águas na minha carreira porque transformou a educação sexual
que pratico em algo mais fácil de emplacar, seja nas palestras ou por onde eu passo. Estou há 11 anos lá no Altas Horas (entrei em abril de 2007) em um trabalho onde me sinto muito realizada.
Como você criou essa linguagem tão peculiar para falar sobre sexo, de forma aberta e compreensível a qualquer pessoa? Uma linguagem de forma aberta, mais compreensível, mais franca possível é uma linguagem que a gente, quando vai fazer a formação em Educação Sexual, aprende a ter. É esperado do educador que ele fale de uma forma cada vez mais clara, mais tranquila, sem preconceitos, esclarecedora. E também isso combina com o meu jeito de ser. Sou bastante comunicativa, espontânea. Então, acho que essa linguagem é um mix do que é esperado do educador sexual, dos meus estudos na área da sexualidade e da Psicologia, enfim, do meu jeito de ser como um todo.

A que você atribui o seu sucesso num segmento que ainda é “tabu” sob vários aspectos?

Talvez o meu sucesso neste segmento seja falar de forma descontraída e esclarecedora, com esta abertura que a Globo e o Altas Horas me dão, e também esse formato do quadro, que une os jovens que perguntam de uma forma bastante bem-humorada e eu também respondo de um jeito bem-humorado. Acho que talvez seja este ingrediente do humor que ajude a conversarmos sobre um assunto tão delicado, de uma forma bacana e que traga informação e esclarecimento sobre esse tema complexo que é a sexualidade.

Como vê a formação sexual dos nossos adolescentes e quais as maiores dificuldades enfrentadas por parte dos pais? O que falta para melhorar essa relação?

Ainda é difícil conversar sobre sexualidade. Observo isso nas palestras e ações que faço pelo Brasil, no meu contato com os pais, jovens e adultos. Ainda é difícil conversar sobre sexualidade em casa, na escola, entre os casais, na sociedade como um todo. Mas estamos mudando tudo isso. A cada década no Brasil observo que as coisas estão cada vez mais abertas. Ainda temos um desafio que é o respeito. Respeitar o jeito de ser de cada um de nós, a tolerância à diversidade, o respeito a si mesmo e a quem está ao lado. Essa questão de tolerância à diversidade talvez seja a que mais preocupa uma grande parcela de educadores. Mas estamos cada vez mais abertos e vivendo a sexualidade de uma forma mais saudável, mais responsável e mais prazerosa.

Qual foi a pergunta mais “difícil” que você já respondeu ou que te deixou de “saia-justa”?

Não sei se teve pergunta mais difícil lá no Altas Horas. Mas, talvez, saia-justa é quando a pergunta vem para minha vida pessoal. Às vezes, as pessoas têm uma grande curiosidade de saber como é a sexóloga na vida amorosa, na vida sexual. Eu sempre repito: não é para o psicólogo, o sexólogo, ser modelo de nada. Estamos ali apenas para responder dúvidas, dar um esclarecimento ou outro, mas a resposta final é a pessoa que dá. Cada um precisa se ver consigo mesmo, como gostaria de viver a própria sexualidade, sempre talvez levando em consideração isso que eu repito muito nas minhas palestras que é a questão do respeito ao seu jeito de ser, seus limites, suas possibilidades. E respeito à pessoa que está ao seu lado.

Você acha que o Brasil tem evoluído no campo da sexualidade? Onde a nossa mentalidade ainda é mais conservadora ou discriminatória?

 

Sim. O Brasil tem evoluído no campo da sexualidade, mas a nossa mentalidade ainda é conservadora nessa questão de diversidade sexual e de gênero. Precisamos entender que cada pessoa tem um jeito de ser, o que ela é, e que isso deve ser respeitado.

Quais são os seus novos projetos profissionais?

Meu novo projeto profissional é um que já tenho faz tempo e que estou gravando agora: Ensino à Distância. E este é um grande projeto! São conteúdos de aulas minhas, livros e palestras que vou gravar em formato de séries temáticas de vídeos para oferecer pelo Brasil. Comecei com o tema Educação Sexual do Adolescente, um curso com cinco vídeos que nas próximas semanas já estará disponível para compra na internet. A ideia é que a gente venda a um valor acessível para poder atingir o maior número de pessoas possível. E continuo com minhas palestras pelo país, para jovens, adultos, terceira idade, pais, professores, e também com meu consultório em São Paulo, com o programa Altas Horas, e escrevendo meus livros, na medida do possível. É isso. Múltiplas possibilidades. Meu projeto de vida é este: continuar esse trabalho que tanto me alimenta, me faz bem e com o qual eu aprendo um pouco mais a cada dia.

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