TALENTO E BRASILIDADE MARCAM A TRAJETÓRIA DESTA PERNAMBUCANA FABIANA KARLA
Fabiana Karla atua no teatro, TV e cinema, do drama à comédia – sendo nítida e inegável sua “queda” pelo humor. Integrou por mais de 10 anos o humorístico Zorra Total, da TV Globo, e posteriormente a Nova Escolinha – homenagem à clássica Escolinha do Professor Raimundo. No cinema foi premiada pelo Los Angeles Brazilian Film Festival, na categoria “Melhor Documentário” pelo longa O Caso Dionísio Diaz, cuja direção é sua e de Chico Amorim. Recebeu na Itália a “Palma de Ouro de Assis” e foi nomeada “Embaixadora da Paz no Brasil”.
Atualmente está dedicada às filmagens de “Lucicreide vai pra Marte” e, em breve, estreia o filme “Uma Pitada de Sorte”, com sua primeira protagonista nas telonas. Aventurando-se também na música, participou da sétima faixa do álbum infantil “Par ou Ímpar”, da dupla Kleiton & Kledir, que ganhou o Prêmio da Música Brasileira em 2013, e realizou turnê pelo Brasil com a comédia musical “Nessa Mesa de Bar”, com canções do também pernambucano Reginaldo Rossi (em memória). Tornou profissional sua “aventura” musical em 2017, quando ganhou destaque na primeira edição do programa PopStar, da TV Globo – tendo a filha Laura Simões como sua backing vocal, permaneceu até a semifinal. Na literatura, começou com o infantil O Rapto do Galo, pela Ed. Rocco, com lançamento no Brasil, em Portugal e nos Estados Unidos – em uma associação onde estrangeiros mantêm vínculos com a língua portuguesa, MAPS. Em 2017, lançou Gordelícias, livro de crônicas escrito em parceria com as atrizes Cacau Protásio, Simone Gutierrez e Mariana Xavier, lançado pela Editora Planeta. Fabiana acredita que o artista precisa se doar em várias formas de arte. Para o próximo ano, prepara Mães com Açúcar, obra que reunirá “lembranças culinárias” de artistas e anônimos com suas respectivas avós. Para ela, basta algo que a inspire. E o que a inspira é GENTE, que considera sua matéria-prima. A atriz é conhecida também por possuir uma grande autoestima e saber lidar com suas formas de maneira positiva. Capa de diversas revistas de moda e catálogos do segmento, tornou-se referência no mundo Plus Size, inspirando mulheres que estão acima do peso e que visitam suas redes sociais. Pernambucana de Recife, Fabiana Karla é a estrela de capa dessa edição, brindando nossos leitores com ensaio exclusivo e toda a sua irreverência, bom humor e energia repleta de brasilidade em nosso bate-papo. Confira!!!
Qual a maior extravagância que já fez?
Eu sou extravagante, né? Mas acho que a maior extravagância foi deixar meus filhos no Recife e ir para o Rio… Foi a maior delas. Quando vi o cavalo da oportunidade vindo, joguei a sela e disse: “Sustenta aí que eu vou subir”.
Uma mania?
Sou uma nordestina britânica, então organizo meu tempo para fazer para todo mundo e para mim. Tenho uma coisa com hora e estou até falando disso na terapia, pra aprender lidar melhor… porque acho falta de caráter quem não cumpre horário.
O que não sai da sua cabeça?
O tempo. Sou uma fusão do coelho, com a Alice. Como se eu vivesse 24 horas pensando em alguma coisa para fazer. Meu tempo é precioso!
Um talento que ninguém conhece?
Sou muito curiosa e tenho facilidade para línguas (se me soltar num país aprendo rapidinho). Eu sei bordar também. E adoro cozinhar, mas sem pressão!
Qual comida faz você quebrar a dieta?
Pão, isso acaba com a minha vida. Ainda mais quentinho e com manteiga sambando. É uma comida sagrada, tem até oração. “O pão nosso de cada dia nos dai hoje…”
Vive em uma eterna briga com a balança?
Tenho Hipotireoidismo, TPM e uma herança genética que não me permite descuidos. Hoje tenho uma educação alimentar, estruturada por minha nutricionista Luna Azevedo e faço exercícios, pra conseguir uma qualidade de vida melhor… sei o que é bom para mim e busco fazer o que meu corpo responde bem.
Existe um estigma de ser “a gordinha”?
Nem acho que as pessoas têm esse estigma comigo ou não me dei conta. Sou mulher e ponto. Meu ego sempre foi massageado pelo meu pai que dizia que eu era linda o tempo todo.
Sofreu bullying fora de casa?
Fui uma criança feliz, era vista como uma menina inteligente, pulei a alfabetização e fui direto para o 1º ano porque já sabia ler… nunca sofri. Sempre fui muito mimada. Nunca percebi nenhum tipo de bullying… Sempre fui uma pessoa que não dava importância a coisas ruins. Sempre valorizei o que era bom e desprezei o que não me acrescentava.
E na TV? Isso acontece?
Faço as “sem vergonha”. Não me colocam como a gordinha vitimizada, entro na cota das que motivam. Na novela Amor à Vida, do Walcyr Carrasco, minha personagem era uma enfermeira virgem, não por causa do peso, mas pela dedicação à profissão. Só me convidam para algo que eu tenha o perfil.
Fazer rir cansa?
Nos tempos atuais é bem difícil, missão hérculea, mas somos alento em momentos como este. Tenho até que me controlar logo cedo para não chegar no estúdio gritando “bom dia”. Sou uma bem-humorada convicta! É uma opção.
Momento de mau humor?
Quando vai chegando o fim do dia, vou ficando mais cansada porque faço de tudo pra trabalhar durante o dia e à noite já estar em casa, aí cansada, eu fico mais chatinha. E se tiver com fome e sono… Sou a pessoa que dispensa às vezes o luxo, mas não o conforto.
Como encontrar o equilíbrio e a aceitação?
Quando você é mais novo quer ser igual e isso muda com a maturidade, aí você quer fazer a diferença.
A receita para brincar com as alegrias e tristezas da vida?
Escolhas. O maior crime é a omissão consigo mesmo, então tem de se perceber e saber quando não está bem.
Eu seria uma ótima BBB porque sei lidar com as diferenças, egos e sou bem requisitada nos momentos difíceis.
A primeira pessoa a causar impacto em você?
As mulheres da minha casa. As minhas tias, minha vó, as babás… Tinha uma babá que era brava, mas amorosa dentro da ignorância dela. Todas mulheres fortes! Elas foram inspirações para a minha personagem Lucicreide.
O que faz com o seu dinheiro?
Eu viajo. Sou baratinha, minha manutenção que é cara…
Se pudesse mudar alguma coisa o que seria?
Estaria mais em Recife pra passar mais tempo com minha mãe, minhas irmãs… Minha avó… Acho que pra mim só uma máquina do tempo… que daria pra estar sempre lá e aqui. Sinto falta…
Melhores conselhos?
Quando dou conselho é de A Z, gosto da DR. Também falo para terem ousadia na vida, senão nem vale sair da cama.
Frase que mais ouviu na vida?
“Você é um doce de pessoa.” Já até tatuei nas minhas costas, mas confesso que não sou esse
docinho todo. Sou tipo erva-mate, o meu doce às vezes é amargo.
O que gosta da vida moderna?
O celular, pelo amor de Deus. É a extensão do meu braço e ele me dá mais tempo. Resolvo a vida!
Qual sua melhor versão?
Agora. Estou caminhando e tentando RESSIGNIFICAR muitas coisas… Isso faz parte da minha evolução pessoal. Hoje sei o que gosto, na verdade sempre soube o que não gosto.