Dra. Geni de Araújo Costa | Professora
Em qualquer fase da vida será tempo de marcar a pele com imagens que merecem ser guardadas
Nada é para sempre: os infinitos relacionamentos, a disposição diária, as ideias mirabolantes etc. Ou melhor, quase nada, as tatuagens ficam. Podem simbolizar o desejo de registrar sentimentos, lembranças, pessoas ou um tempo já vivido. Entendo que é preciso estar muito bem consigo antes de tomar qualquer decisão. É comum ouvirmos pessoas questionando: Como teve coragem? Ficará marcado para sempre? Como ficarão estas marcas no corpo quando envelhecer? Não combina com idade avançada. Ficarão ridículas. O fato é que a sociedade ainda não associa bem a tatuagem como maneira de se expressar ou arte. Muito menos com a possibilidade de alguém da terceira idade possuir uma em sua pele. Tenho como convicção de que não existe idade para tal iniciativa. Em qualquer fase da vida será tempo de marcar a pele com imagens que merecem ser guardadas. Indago: elas não seriam o tempo vivido gravado na pele e na memória? Não seriam sinais da própria história marcados no tempo? Tenho assistido mudanças no comportamento das pessoas maduras ou mesmo idosas com relação às tatuagens. Para muitos não tão jovens, as figuras esculpidas no corpo tornam vestígios a serem carregadas ou mesmo uma ruptura libertadora. Dados indicam ser mais comum do que se pensa, pessoas com 60+ fazerem sua primeira tatuagem. Ela funciona como um resgate da autonomia do próprio corpo. Penso que cada um pode escolher como quer envelhecer. Em um modelo teórico, uma longevidade com qualidade de vida dependerá de cada um (53%), em conduzir as fases anteriores (tatuados ou não), com estilo de vida adequado – alimentação saudável, sono reparador e atividade física. Em tempos de grandes transformações, tanto na demografia, quanto na longevidade estendida, a tatuagem acaba sendo aceita sem preconceitos, motivo pelo qual orgulham aqueles que escolhem permanecer com a sua, sem apagá-la ou escondê-la, até o fim.
Profª. Dra. Geni de Araújo Costa – Universidade Federal de Uberlândia. Pesquisadora: Envelhecimento, bem-estar e qualidade de vida. Palestrante/escritora/comunicadora.