Dr. Jorge Pfeifer | Psicólogo e Psicanalista
Todos nós somos importantes como indivíduos. É isso que nos faz admirados e respeitados.
“Orgulho e Preconceito” não é o nome de um livro famoso. Mais que isso, é uma crônica romanceada de crimes e castigos de pessoas e sociedades que transformam as riquezas em um culto ao poder e privilégios do mundo capitalista. Nesse contexto, talvez valha a pena conhecer a história destes personagens, a partir dos novos e velhos lugares e papéis onde “ter para ser” continua sendo uma lei natural. A proteção contra a desvalia e a insignificância partem do pressuposto de que o poder e a riqueza são privilégios de poucos. Criando-se uma ilusão de superioridade sobre os menos favorecidos, os indivíduos passam suas vidas lutando para superar essas desigualdades. A grande dificuldade desses indivíduos é a sua compulsão ao desprezo ou indiferença e sua incapacidade de estabelecer relações em termos de igualdade. São aqueles a quem chamamos de “metidos à besta”. Comportam-se como se pertencessem a uma casta de mortais que a vida premiou. Os seus sentimentos de superioridade os impedem de colaborar ou dividir. Dotados de uma precária autoavaliação, enquanto pessoas, a ética e o respeito humano raramente fazem parte de sua gratidão. É comum encontrá-los em reuniões sociais de gestos humanitários, onde sua presença o transforma em um “bom companheiro”. Quando nos procuram por disfarçada amizade, passam o tempo bloqueando as possibilidades de trabalhos construtivos. Todos nós somos importantes como indivíduos. Este sentimento é um bem natural que nasce do encontro com nossos semelhantes. É isso que nos faz admirados e respeitados. A aqueles, cuja presunção se alia à humilhação, o tempo se encarrega de condená-los ao ostracismo e à solidão. Quando desaparecem não suscitam memórias, nem nostalgias e saudades. Apenas lembranças efêmeras. Quando morrem, não fazem falta a ninguém.
Dr. Jorge Pfeifer é psicólogo, psicanalista e articulista.