Dr. Luis Augusto Mattar
Fotos Divulgação
Emagreci, mas reganhei peso. E agora?
A obesidade é um problema comportamental. Sim, tem a genética, a parte psicológica, o stress, os problemas da vida. Mas, fora a genética, que ainda tem seu papel pouco definido pela ciência, todos os outros fatores se resumem a COMPORTAMENTO! Atualmente, lutar contra a obesidade é um desafio de 8 em cada 10 pessoas com mais de 35 anos. Isso não é no Brasil e sim no Mundo.
Parece exagero, mas não é! Hoje são mais de 700 milhões de obesos no mundo (IMC 30 – índice de massa corporal superior a 30), destes, cerca de 100 milhões são crianças. Ainda temos 2,3 bilhões de pessoas com sobrepeso (IMC 25), que querem emagrecer para deixarem de pertencer a essa classe. Ou seja, perder peso é uma obsessão mundial. Mas isso passa por várias questões, desde rótulos de estética até necessidades extremas quando múltiplas comorbidades podem levar a pessoa à morte.
A procura de soluções milagrosas aumentou nos últimos tempos. Talvez a expectativa de que a medicina está avançando muito rápido passe a ideia de que o tratamento da obesidade também teria uma solução mágica, mas não tem. Claro que avançamos muito nos últimos 10 anos, quando falamos em tratamentos para perder peso de uma maneira mais eficiente, mas manter a perda ainda não há outro caminho a não ser o comportamental. Atualmente temos várias opções de medicamentos para pacientes menos obesos. Para aqueles que precisam perder mais peso, o tratamento endoscópico traz um grande auxílio e finalmente àqueles que precisam perder muito peso ou têm muitas doenças associadas, a Cirurgia Bariátrica está cada vez mais segura. Nenhum desses tratamentos deve ser realizado sem acompanhamento de uma equipe, composta por médico, psicólogo, nutricionista e educador físico, para que aconteça realmente a mudança de hábitos. Emagrecer não é difícil, manter a perda de peso é o grande desafio. E tenho uma péssima informação para todos aqueles que perderam peso: vocês vão reganhar mais cedo ou mais tarde. A grande questão é como você vai se portar frente a isso. Vai fingir que não está vendo as roupas voltarem a apertar? Vai se conformar que a natureza te fez para ser obeso mesmo? Ou prefere tomar uma atitude positiva e procurar ajuda profissional o quanto antes? Quando eu falo “o quanto antes” é porque quanto mais peso se reganha, mais difícil é perder novamente.
Uma grande parcela das pessoas que reganham peso após uma perda, se culpa muito por isso. Não merecemos essa culpa, porque o problema é comportamental e comportamento depende de nossas rotinas e nossas rotinas podem mudar. Uma pessoa que reganhou 40kg é muito mais difícil de tratar que uma outra de 10kg. Por isso, aqueles que perderam mais peso devem ficar mais atentos e procurar ajuda logo que perceberem o mínimo reganho de peso. Os mesmos tratamentos que usamos hoje para perda de peso podem e devem ser usados para o reganho de peso, claro que individualizado cada caso e sempre associado a uma equipe multidisciplinar, inclusive com grupos de apoio que já se mostraram muito importantes. No caso do reganho, as opções menos invasivas devem ser mais valorizadas, uma vez que claramente o paciente precisa muito mais de um estímulo para mudança de vida do que um resultado muito rápido e que transmita a ideia de ser milagroso. A mudança de comportamento frente a obesidade é a chave do controle do peso, uma vez que essa doença não tem cura. Ao perceber que a variação de peso durante a vida, sem grandes variações, é algo normal e aceitável, devemos manter um comportamento vigilante e de manutenção constante de controle do nosso peso e da nossa saúde. Emagreci, mas reganhei peso. E agora? Agora mude o seu comportamento, tome uma atitude e procure ajuda.
Crédito
Dr. Luis Augusto Mattar é cirurgião e endoscopista bariátrico.