Especialista conta quais os cuidados necessários para
proteger os idosos durante a pandemia do COVID-19
Dra. Joyce Caseiro, idealizadora da Rede de Residenciais Sênior Terça da Serra, conta em detalhes nesta entrevista todas as medidas tomadas para combater o coronavírus em seus residenciais. Os idosos estão classificados como grupo de risco para o novo COVID-19, com letalidade de 14,8%, segundo os dados mais recentes. Para proteger os mais velhos é necessário cuidado redobrado, tanto para aqueles que estão em seus lares, quanto para os hospedados em residenciais ou casas de repouso. Conversamos com a médica geriatra Dra. Joyce Caseiro que encabeçou a criação de um extenso protocolo de prevenção contra o coronavírus em sua rede de residenciais sênior.
Doutora, quais são as medidas que os familiares podem tomar para proteger os mais velhos no ambiente familiar?
Precisamos evitar que o coronavírus entre dentro da casa que esse idoso mora. A primeira coisa que precisamos ter consciência é que esse idoso deve estar em isolamento social, evitando contato físico com outros membros da família, principalmente as crianças que têm grandes chances de serem assintomáticas. O segundo passo fica a cargo dos familiares que precisam sair de casa. Usem sempre a máscara, higienize as compras e as mãos com água e sabão e troque as roupas assim que chegarem.
Imagino que dentro de um residencial sênior essas medidas de prevenção devem ser redobradas. Quais as ações criadas pelo Terça da Serra?
Na nossa rede criamos protocolos que atacam a entrada do vírus em quatro frentes diferentes. A primeira é evitar visitas dos familiares, pois como já sabemos, muitas pessoas podem ser assintomáticas. Nós disponibilizamos para cada familiar a possibilidade de chamadas por vídeo, ligações e envio de fotos. A segunda frente é em relação à saída do idoso. O hóspede está proibido de sair do residencial a não que seja algo de extrema emergência. Por isso todas as atividades externas, como idas para parques e passeios, foram canceladas. A terceira frente de combate é em relação à higienização. Triplicamos a quantidade de limpezas terminais dentro do residencial e protocolamos o uso do hipoclorito 1% três vezes ao dia na lavagem de chão, paredes e banheiros. Nas bancadas, superfícies e poltronas usamos o álcool 70% para realizar a higienização também três vezes ao dia. A quarta frente é em relação aos colaboradores. Eles trocam de roupas e sapatos assim que chegam ao local, fazem a higienização das mãos com água e sabão até os cotovelos, vestem máscara e avental descartável. Antes do contato com qualquer idoso higienizam as mãos com álcool em gel e só assim poderão ir para dentro do residencial dar suporte aos hóspedes.
Você encabeçou a criação do protocolo de prevenção muito antes da pandemia estourar no Brasil. Qual foi a importância dessa ação tão antecipada para a segurança da sua rede de residenciais?
Nós encabeçamos a criação de um protocolo muito antes de estourar a pandemia, pois há muito tempo já estávamos antenados nos acontecimentos do COVID-19 em outros países. Quando os estudos sobre os assintomáticos saíram iniciamos rapidamente o isolamento dos nossos hóspedes para evitar ao máximo que colaboradores e familiares pudessem passar o vírus para os idosos. Isso nos permitiu amadurecer as ações tomadas e treinar com mais eficiência os colaboradores.
Se você pudesse aconselhar uma família que tem um idoso dentro de casa em como mantê-lo mais seguro, o que falaria?
Primeiramente, cuide muito desse idoso. Faça todas as medidas de segurança possíveis. Explique para ele sobre como se prevenir e o porquê de tudo isso estar sendo feito. Por último, se você não tiver certeza que vai conseguir mantê-lo seguro, leve-o para um local que esteja fazendo todos os protocolos de limpeza para que ele tenha uma chance bem baixa de ter contato com o vírus.