BEM CULT
Dra. Geni de Araújo Costa
Fotos Mauro Marques | Getty Images
Não cabe à vida, nem à morte.
De acordo com a tendência mundial, brasileiros chegam à velhice lúcidos e ativos, apesar das dores do tempo. Para Friedrich Nietzsche, “a vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade”. Em tempos de pandemia, esse caminhar parece mais tenso, pois vivemos um tempo presente intenso e um futuro suspenso, quase ausente. São milhares de pessoas contaminadas no mundo todo pela Covid-19 e também milhares de óbitos. A cada 24 horas muitas centenas de pessoas se despedem (solitariamente) dessa vida. Com esse tempo incerto, parece que vamos ficando anestesiados. Talvez seja uma forma de nos proteger do sofrimento. E vamos todos nos acostumando, porque são números. Muitos números. Lastimamos os elevados índices. Entretanto, quando um pequeno número nos ronda, sentimos profundamente essa dor. A que ponto a humanidade chegou. Tudo passa ser tão trivial. Triste realidade. Me incluo entre aqueles que, por conveniência emocional, assistem pouco aos noticiários. Então pergunto: Até quando números e estatísticas serão valores prioritários? É isso que tem valor? Pensando por esse caminho quase 98 mil óbitos, próximo dos 210 milhões da população brasileira, realmente os valores são ínfimos. Entretanto, quando esses números se transformam em pessoas queridas e próximas, o descaso deixa de povoar o sentimento de muitos cidadãos. Desejo que quando tudo isso passar, queiramos que o normal da vida de antes seja trocado por um novo normal. Aquele normal não era bom o suficiente, nem saudável. Era um tempo carregado de egocentrismo e vida boa a todo custo. Sucesso profissional e produtivo em primeiro lugar. Família, lazer, amizades e contemplação não podiam fazer parte da vida em sociedade. Enfim, espero que sejamos mais complacentes. Sensíveis. Sensatos. Solidários. Humildes e cheios de muito amor para afetar e ser afetado, vida afora. Boa leitura!
Profª. Dra. Geni de Araújo Costa – Universidade Federal de Uberlândia.
Temática: Envelhecimento, bem-estar e qualidade de vida.
Palestrante/comunicadora/escritora.
Contato: [email protected]