A Nouvelle Vogue (Nova Onda) movimento iniciado França, mudou a forma de fazer cinema. Jovens diretores buscavam expressar a arte de forma autoral, com intenso foco na estética das cenas, utilizando as paisagens e imagens reais do cotidiano parisiense. Alguns dos nomes mais expressivos e que deram identidade ao novo formato, foram Françoise Truffaut, Jean Luc Godard, Alain Resnais, dentre outros.
Algumas obras desse período se destacam por sua personalidade e audácia ao trazerem temas ainda pouco discutidos à época. Uma forma de fazer cinema, desprendido da receita hollywoodiano, seguindo suas próprias diretrizes.
Um bom exemplo desse novo formato é “Os incompreendidos” – 1959, uma das obras primas de Truffaut.
O enredo transcorre em uma Paris cinza (o filme foi gravado em preto e branco, talvez o charme esteja nesse detalhe) e imbuída de melancolia, onde o jovem Antoine vive as experiências da adolescência de forma profunda e sentimental. O personagem ainda transita entre as descobertas e a rejeição, dentro de uma história marcada por questionamentos, que carrega, na cena final talvez o maior deles, o peso de sentir-se livre diante da imensidão de algo maior que nosso próprio entendimento, a liberdade. Venha para a sessão preparado para algumas horas de pura entrega; é impossível não se emocionar. O filme está disponível em www.globoplay.com.br
Acossado – 1960, de Jean-Luc Godard, despontou como uma das obras de referência da Nouvelle Vogue, tendo como pano de fundo o cenário cosmopolita francês. A trama é ágil e Jean Paul Belmondo incorpora o aproveitador e frio Michel que, ao longo da trajetória, vai acumulando crimes sem maiores dores de consciência. Durante a fuga, envolve a jovem americana Patrícia (Jean Seberg) em um caso de amor conturbado, quase juvenil’; em alguns momentos, é possível imaginar que a índole do bandido possa ser quebrantada por esse relacionamento, gerando alguma reviravolta na história. No entanto, no final das contas, ele não vai passar de um acossado. É possível notar um toque de humor ácido quando mencionada em alguns momentos da película a cultura americana, não obstante, ela está presente. O filme está disponível em www.globoplay.com.br
Hiroshima, Meu Amor – 1959, de Alain Resnais, talvez seja a história de amor mais profunda da Nouvelle Vogue, a história de amores impossíveis, vivida de duas maneiras diferentes, sempre pela mesma protagonista. As cenas inicias confundem, trazem cenas de corpos entrelaçados, cobertos do que seria um pó ou poeira (alusão à poeira que cobriu as cidades de Hiroshima e Nagasaki, após o lançamento da bomba atômica).Não é possível identificar onde começam ou onde terminam. Uma obra política, que mescla a inquietação do subjetivo humano e o sentimento de reconstrução, seja do amor, do material e da ideia de recompor-se quantas vezes forem necessárias. Os amantes cumprem seu papel Eiji Okada, brilhantemente incorpora o personagem sem nome, ambos não têm nome. No entanto suas histórias dispensam qualquer apresentação, seja na tragédia sentimental ou na dor coletiva que os cerca. Aproveite cada cena, pois garanto que elas vão te envolver. O filme está disponível em www.belasartesalacarte.com.br