Giulliano Lazzarini | Co-Fundador Máquina Pop
Atualmente a procura por bailes de Flashbackainda é grande, existe um público bem fiel.
Nos anos 80 a alegria era geral quando recebíamos um convite para alguma festa. Naquela época, as festas de debutante, aniversários em casa ou os famosos bailinhos de garagem eram sempre um grande motivo para retirarmos do guarda-roupas aquela calça Bag (também chamada de santro-peito) porque ia acima do umbigo, lembro do meu pai brincar dizendo “se levantar essa calça mais um pouco você morre enforcado”. Havia também aqueles que usavam seus blazers com ombreiras e os famosos mullets, mas sobre moda vamos contar em uma próxima matéria. Assim que chegávamos já podíamos ouvir os clássicos da época como Tears for Fears, Cyndi Lauper, New Order, Depeche Mode, Aerosmith, Gazebo, Culture Club, A-Ha e outras pérolas. Quando começavam as lentas era hora de sairmos todos correndo para dar aquela ajeitada no topete, passar um perfume e assim já focar em quem chamaríamos para dançar ao som de Roxette. Chegar em uma garota naquela época era muito difícil, ficavam todas as meninas de um lado e os meninos de outro e haja coragem para chegar. O medo maior era de levar um “toco” e aguentar as piadinhas dos amigos durante toda a semana, porém quando conseguíamos, você era O CARA, até que um chato chegava com a toalha ou a vassoura e tomava logo de cara seu par.
Bom, voltando ao nosso tema, um fato que não tem como ser negado é que as músicas dos anos 80 se tornaram uma referência no mundo todo. Até mesmo nos momentos de grande crise política, enquanto o mundo sentia aquela pressão, surgiam bandas como U2, The Clash e The Smiths, criando músicas de protesto que se tornaram hinos clássicos. Foi também um período no qual comprar discos de vinil e K-7 era tudo o que queríamos. Em casa eu costumava ficar horas na frente do som esperando tocar aquela música e assim soltar o pause para a gravação começar, infelizmente o locutor geralmente falava em cima ou soltava alguma vinheta. Pegar discos emprestados dos amigos e passar para as fitas k-7 também era o máximo. Muitas vezes comprávamos um disco por causa de uma única música, o que fazia com que tivéssemos grande volume de discos em casa, principalmente os temas de novelas. Apesar da grande evolução na música, não posso deixar de citar também o Pós-Punk, subcultura gótica da Inglaterra que chegou no início dos anos 80. O estilo é mais introvertido e conta com letras melancólicas. The Cure, Joy Division, Talking Heads, Echo & the Bunnyman são alguns exemplos. Foi também uma época de vídeo clipes incríveis, ter MTV em casa era ostentação, mas ainda podíamos ver grandes produções de Michael Jackson e Madonna no Fantástico aos domingos. Aconteceram grandes shows no Brasil que marcaram a década, dentre eles Van Halen (1983), Queen (1981 e 1985), The Cure (1987). Em Uberlândia pudemos acompanhar o show de A-Ha e outros como Double You e Information Society. No mundo, aconteciam grandes eventos musicais como, Live Aid realizado em 13 de julho de 1985, que contaram com várias bandas e artistas como Queen que foi muito bem retratado no filme Bohemian Rhapsody.
Na época também surgiu a música We Are The World, idealizada e composta por Michael Jackson e Lionel Richie, gravada em 28 de janeiro de 1985 e que hoje se tornou uma das mais icônicas dos anos 80. Realmente tem muita coisa boa para relembrarmos e seria muito injusto se eu não falasse sobre as músicas nacionais. Quem até hoje ainda não curte Blitz, Nenhum de Nós, Legião Urbana, Picassos Falsos, Engenheiros do Hawaii, Ritchie, Lulu Santos, Uns e Outros, Ultraje a Rigor, Zero, entre outros. Atualmente a procura por bailes de Flashback ainda é grande, existe um público bem fiel como os “Amigos do Flashback”, e festas como Máquina Pop e Back to House que aconteceram na cidade de Uberlândia. Se quiserem uma boa referência, o DJ “Old School” Mamede Aref ainda faz festas Flashback de qualidade na cidade. Boas lembranças daquela época, dos amigos, das brincadeiras, das risadas, das danças e como sempre faço, este texto finalizo com uma lembrança muito boa de uma querida amiga que tive em minha adolescência, Zarabeth (in memoriam), que partiu tão cedo deixando tantas histórias e saudades de uma época que não volta mais.