ESTIMA-SE QUE PESSOAS DO SEXO FEMININO TENTEM SE MATAR DUAS VEZES MAIS QUE OS HOMENS
Suicídio (do latim sui, próprio, e caedere, matar) é o ato intencional de matar a si mesmo. É se entregar a uma busca inesgotável de porquês. É pensar sobre quais emoções, faltas, lacunas ou enigmas cercam a sua existência. A melhor forma de ajudar pessoas com comportamentos suicidas é identificar os Fatores de Risco e aumentar os Fatores de Proteção. História familiar de suicídio é um fator de risco importante para o comportamento suicida, particularmente em famílias onde a depressão é comum. Estima-se que cerca de 90% dos indivíduos que puseram fim às suas vidas cometendo suicídio tinham algum transtorno mental e que, na época, 60% deles estavam deprimidos. Tentativas anteriores e a presença de um transtorno mental são os dois fatores de risco mais importantes. O suicídio não é, por si só, uma doença ou um transtorno mental, nem necessariamente a manifestação de um, mas muitos transtornos mentais estão frequentemente associados ao suicídio, como a esquizofrenia, transtornos de personalidade (especialmente borderline) e a dependência química. Outro fator é a presença de emoções ambivalentes sobre o suicídio e ficam em dúvida se devem fazê-lo, avaliando motivos para morrer e viver. Muitas vezes já expuseram ou deram pistas destes pensamentos a uma ou mais pessoas.
Além disso, temos como fatores de risco o Abuso físico ou sexual; Perda ou separação dos pais na infância; Instabilidade familiar; Ausência de apoio social; Isolamento social; Perda afetiva recente; Datas comemorativas (Dia das Mães, dos Pais, Natal e Aniversário); Desemprego; Aposentadoria; Violência doméstica; Desesperança; Desamparo; Ansiedade excessiva; Vergonha, humilhação (bullying); Baixa autoestima; Traços de personalidade: impulsividade, agressividade e perfeccionismo; Rigidez cognitiva e Pouca habilidade para enfrentar adversidades. As falas e os desabafos precisam ser analisados. Os relatos mais frequentes de pensamentos suicidas são: “Eu ando pensando besteira”. “Acho que minha família ficaria melhor se eu não estivesse aqui”. “Eu sou um peso para os outros”. “Estou com pensamentos ruins”. “Era melhor que eu estivesse morto”. “Eu não aguento mais”. “As coisas não vão dar certo. Não vejo saída”. “Eu preferia estar morto”. No Brasil, entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas infelizmente interromperam suas vidas; 79% delas são homens e 21% são mulheres. Apesar do índice masculino global ser maior, as mulheres tentam suicídio em maior quantidade, mas os métodos utilizados pelos homens são mais letais; o que impacta diretamente os números. Estima-se que pessoas do sexo feminino tentem se matar duas vezes mais que os homens. No entanto, desde 2010, os números de suicídios aumentaram duas vezes mais rápido entre elas do que entre eles. Portanto, se esses fatores permanecerem presentes, procure o Sistema de Saúde mais próximo e conduza quem você ama para o encontro consigo mesmo. Se você se identificou com esta pessoa, saiba que o CVV e todos os sistemas de saúde estão disponíveis para te ouvir. Nós sabemos que a dor é profunda e a aflição intensa. Muita luz e vida a todos!
Résia Morais – CRP-MG 04/31203. Psicóloga Clínica e Hospitalar. Professora Mestre em Psicologia da Saúde. [email protected]