“QUERO LHE CONTAR COMO EU VIVI E TUDO O QUE ACONTECEU COMIGO”

 

TEMOS QUE SAIR DA FRENTE DAS “TELAS” E COM CORAGEM ADMITIR QUE O QUE VEMOS NO ESPELHO SOMOS NÓS.

Outro dia, escutei Belchior cantando “Como nossos pais”. Essa belíssima música chamou minha atenção em alguns aspectos, pois acredito, ilustrava os conceitos relacionais da década de 70. Dela, tirei duas afirmações que em 42 anos se perderam. “O sinal está fechado para nós, que somos jovens”. A sociedade vive em torno da juventude. Tudo o que não sugira ou promova a juventude, ainda que ilusória, não é comercial. Vivemos mais, mas queremos ser jovens pra sempre. Jovens idosos ou idosos joviais. Não importa a ordem, desde que haja juventude na frase. Dito isso, vamos à segunda afirmação. “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Não somos os mesmos, pois sofremos de falta de identidade, não podemos ser quem não sabemos. Os 50s são os novos 40s, que por sua vez são os novos 30s e sucessivamente. Não nascemos homens e nem mulheres, escolhemos quem queremos ser e se não gostarmos ou nos aceitarmos, mudamos. De alguma forma, seguimos nos transformando a fim de nos adaptar. Somos adaptáveis, mas não necessariamente flexíveis. Não vivemos a ditadura de gênero, como nossos pais que, pegavam a vida que tinham e viviam. Vivemos a urgência do momento, mas não vivemos. Sobrevivemos. Nossos relacionamentos são sobreviventes.

Sobrevivem ao nosso trabalho, às nossas frustações, às nossas fobias, aos nossos comodismos. Não sei como serão os próximos 42 anos, mas assim como Belchior falava sobre o que tinha vivido e não do que ouvia nos discos, existiu um homem chamado Jó, protagonista de uma das histórias mais impactantes que li. Jó, após sofrer perdas emocionais, padecer de doenças físicas e ser erroneamente julgado por seus amigos, fez a seguinte citação a respeito de Deus: “antes eu O conhecia de ouvir, hoje os meus olhos O veem”. São as experiências reais que nos tornarão alguém de quem nos orgulharemos. Temos que sair da frente das “telas” e com coragem admitir que o que vemos no espelho somos nós. Não é o que ouvimos que nos definirá. Já temos uma boa pista, bons exemplos, basta seguir em frente. Nosso objetivo não é viver para sempre, mas viver melhor. As perguntas do dia são: você tem alguém com quem pode contar em uma circunstância extrema? Sim, não? Você é alguém com quem alguém pode contar em uma circunstância extrema? Sim, não? Jó tinha e era. Eu tenho e sou e graças a Deus por isso!

Cássia de Figueiredo Freitas enxerga quando Paulo diz aos coríntios “…eu vos mostrarei um caminho mais excelente”. [email protected]

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