Dr. Augusto Cury

Honorival Fontes | Professor

 

“DEVEMOS TODOS OS DIAS APRENDER A SER

CONSUMIDORES EMOCIONAIS RESPONSÁVEIS”

 

 Qual foi o motivo que o levou a estudar a mente humana?
Foram alguns motivos. Primeiro, paixão pela humanidade. Segundo, preocupação em contribuir com um ser humano. Terceiro, entendimento de que só sou feliz sim visto na felicidade do outro. Quarto, desejo ardente de conhecer os bastidores da nossa personalidade. Quinto, o fato de ter passado por uma crise depressiva no segundo para o terceiro ano da faculdade medicina, o que me levou a procurar por mim mesmo.

 

Alexandre, O Grande, disse que o pior desafio do homem é se autoconhecer, pois teria que enfrentar seus medos e suas paixões. Como o senhor define o autoconhecimento?

O autoconhecimento é a mais importante viagem que o ser humano deve empreender. É a busca pela essência do que somos e a minimização do que temos ou representamos: nosso papel social, status, condição financeira.

O que é e como funciona no cotidiano sua Teoria da Inteligência Multifocal?

Num país que não valoriza seus cientistas, tive o privilégio de escrever mais de três mil páginas sobre uma das últimas fronteiras da ciência, talvez a mais complexa, que é o processo de construção de pensamentos e de formação do Eu como líder da mente humana. Todas estas páginas representam a Teoria da Inteligência Multifocal. Além disso, estudei os papéis conscientes da memória e o primeiro programa mundial de gestão de emoção para prevenção de transtornos emocionais, o desenvolvimento da inteligência global e o processo de formação de pensadores. Por isso, minha teoria se chama Inteligência Multifocal. Ela é multiangular, aborda, portanto, múltiplos aspectos do psiquismo humano, da construção das relações humanas e do processo de formação de mentes livres e emocionalmente saudáveis. Foram mais de 30 anos de trajetória de produção de conhecimento.

 

Qual o comportamento que pode implementar a aplicação da Teoria da Inteligência Multifocal na vida cotidiana de uma pessoa?

Aplicação da Teoria da Inteligência Multifocal, ou TIM,  é ampla. Pode ser aplicada para complementar técnicas terapêuticas psicanalíticas, cognitivo, positivista, existencialista e outras. A TIM  pode ser usada também na prevenção de transtornos emocionais, como ansiedades, fobias, depressão. Por exemplo, a técnica DCD (duvidar, criticar e determinar) feita diariamente no silêncio mental pode empoderar o Eu para duvidar de tudo que nos controla, criticar cada ideia perturbadora e determinar ser gestor de nossa emoção. Por isso, tenho a Academia de Gestão da emoção que tem cursos online com estes objetivos. Só no começo deste ano mais de 700 mil alunos se inscreveram em meus cursos. Vários são gratuitos. A TIM pode ser usada ainda para formar pensadores que libertam o pensamento antidialético ou imaginário para ser um sonhador e construtor de projetos criativo e reiventivo.

Podemos dizer que um homem que tem uma visão sistêmica, que passa de mero espectador para autor e diretor de sua própria história, seria alguém evoluído. Sua Teoria da Inteligência Multifocal contempla tal evolução. Qual seria o ponto chave dessa evolução?

Seria Gestão da emoção. Sem gestão da emoção, ricos se tornaram miseráveis, casais começam o seu relacionamento no céu do romance e o terminal no inferno dos atritos. Mas, sinceramente falando, a humanidade, inclusive todo o sistema educacional, está no tempo da pedra em relação às ferramentas de gestão da emoção, por isso o ser humano faz faculdade e pós-graduação, mas frequentemente é um escravo dentro de si mesmo. Por não aprendemos a ser gestor de nossa mente, não entendemos que ninguém muda ninguém, temos o poder de piorar os outros e não de mudá-los. Não entendemos também que por detrás de uma pessoa que fere há uma pessoa ferida. Não entendemos ainda que quem repete duas vezes a mesma correção é um pouco chato, três vezes é medianamente chato, quatro vezes ou mais é insuportável. Há milhões de casais insuportáveis, de pais entediantes, de professores que formam repetidores de informação e não mentes livres. Na era digital a humanidade precisa urgente evoluir muito. Sequer entendemos que a fina camada de cor da pele, bem como a cultura, a condição econômica e a sexualidade não podem servir de base para discriminar dois seres humanos com a mesma complexidade mental.

 

Henri Bergson usou o termo Homo Sapiens para referir-se ao homem. Nos últimos 50 anos, as ciências humanas começaram a desvendar o pensamento humano. O senhor diria que tal avanço poderia colaborar para um homem realmente Sapiens em todos os seus aspectos, tais como físico, emocional e intelectual?

As ciências humanas, como a psicologia, a sociologia, a psicopedagogia, evoluíram, mas não traduziu ou impactou a formação de seres humanos saudáveis, sábios, relaxados, tranquilos, inclusivos. Há uma explosão de transtornos psíquicos na atualidade. Como digo no meu livro mais recente, “Prisioneiros da Mente”, eu gostaria que os leitores dessa nobre revista lessem, uma em cada duas pessoas têm ou vai desenvolver cárceres mentais ao longo da vida. Somos a única espécie que pensa e tem consciência que pensa, somos Homo Sapiens, mas por não termos estudado o processo de construção de pensamentos e os fenômenos que milésimos de segundo penetram nos meandros da memória e constroem autopunição, ideias perturbadoras, imagens mentais angustiantes, não desenvolvemos ferramentas preventivas. Mas com muita humildade, através da Teoria da Inteligência Multifocal, desenvolvi várias delas. Cada ser humano tem um potencial incrível. É um mundo a ser explorado, possui um tesouro soterrado nos bastidores da sua mente. Por um lado, somos pequenos alunos que andam no traçado do tempo em busca do mais importante endereço, um endereço dentro de nós mesmos. Mas, se o encontramos, podemos treinar nosso Eu para escrever os capítulos mais importantes de nossas vidas nos momentos mais difíceis de nossas histórias.

Somos resultados do meio sociocultural em que crescemos. Diante disso, essas influências são geradoras de crenças e hábitos que nos alinham no dia a dia causando, por vezes, uma impotência para mudanças com resultados efetivos. Como escapar dessas armadilhas e mudar estas crenças e hábitos de forma a alcançar um estado de equilíbrio e qualidade de vida?

Temos de ter autonomia e autocontrole. Temos de gerenciar nossos pensamentos, temos de aprender a não sofrer por antecipação e nem ruminar perdas e frustrações. Para isso precisamos diariamente impugnar cada falsa crença e cada crença limitante, como “não consigo”, “não tenho capacidade”, @sou assim e vou morrer assim”. Devemos todos os dias aprender a ser  consumidores emocionais responsáveis. Nunca devemos comprar aquilo que não produzimos. Mas é inacreditável a infantilidade emocional do homem moderno, do ser humano que acessa todos os dias redes sociais, mas não sabe conectar-se consigo. Se alguém me ofendeu, me rejeitou, me excluiu, minha paz vale ouro e o resto é irrelevante. Mas em que escola se ensina essas técnicas de gestão da emoção? Nem nas universidades mais respeitadas do mundo. Mas uma boa notícia. No Brasil há mais de mil escolas aplicando o programa Escola da Inteligência, que é o primeiro programa mundial de gestão da emoção para crianças e adolescentes. Procure uma escola para seu filho que tenha este programa.

 

Jesus de Nazaré é objeto de estudo em alguns de seus livros e muito lembrado em suas palestras. Suas palavras, atitudes ou conselhos estão implícitos em inúmeros conceitos da evolução do pensamento atual. Como o senhor define a pessoa de Jesus?

Eu fui um dos maiores ateus que pisaram nessa terra. Para mim Jesus era fruto de um grupo de Galileus que queriam libertar-se do tirano Tibério César. Mas como minha teoria estuda o processo de formação de pensadores, após analisar a mente de personalidades como Freud e Einsten, fui estudar a mente de Jesus sob os ângulos das ciências humanas. E utilizei as biografias que escreveram sobre ele, os chamados evangelhos. É surpreendente, ele perseguido, maltratado, desde a sua infância. Com 12 anos trabalhou com as mesmas ferramentas que um dia iriam destruí-lo, madeira, martelo e cravos. Tinha muitos motivos para ser depressivo e pessimista. Mas quando abriu sua boca aos 30 anos, raramente se viu alguém tão feliz, calmo e ousado. Por exemplo, ele escolheu alunos que só lhe davam dores de cabeça. Pedro era imperativo, tenso e ansioso. João era bipolar, num momento era afetivo e no outro queria destruir quem não andava com seu mestre. Tomé era paranoico. Matheus tinha um viés de corrupção. Judas, o melhor deles, o mais dosado, sereno e culto, não era transparente. Qualquer equipe de recursos humanos teria reprovado esse time. “Mas nunca alguém tão grande se fez tão pequeno para tornar os pequenos grandes”. Por isso escrevi os livros “O homem mais inteligente da história” e “O homem mais feliz da história”, que devem se tornar um seriado internacional. Ao estudar sua mente, me curvei aos pés deste homem. Mas não defendo nenhuma religião. Infelizmente todas as religiões e universidades falharam em não ter analisado detalhadamente a mente dele e as ferramentas de gestão de emoção que ele utilizou para formar mentes brilhantes e saudáveis.

 

O sucesso pessoal e profissional está intimamente ligado a uma decisão. Como o senhor define decisão nesse contexto, valendo-se de seu próprio exemplo na adolescência quando mudou totalmente o rumo de sua vida?

O verdadeiro sucesso é ser feliz. Se falhar em ser feliz, você falhou com você como ser humano.

 

Nem sempre se alcança o sucesso pessoal e familiar com os pensamentos devidamente alinhados e o sucesso profissional na mesma medida, sabemos que não existe uma receita de bolo, pois o homem é complexo e cada caso é um caso. No entanto, qual seria sua sugestão de um  caminho básico para começar e buscar essa harmonia?

É fazer muito do pouco. É cobrar menos de si. É ver um charme nos defeitos dos outros. É contemplar o belo. Mas há muitos miseráveis que moram em palácios, há muitos mendigos emocionais que habitam as universidades, há muitas celebridades que envelheceram precocemente no território da emoção. Elas não alcançaram o sucesso real. Por isso, há uma explosão de suicídios no mundo. A cada 40 segundos uma pessoa morre pelas próprias mãos. Aumentamos em mais de 100% o índice de suicídios entre crianças e pré-adolescentes de 10-14 anos. É muito triste essa constatação. Por isso, desenvolvi o curso “Você é insubstituível”, 100% gratuito. Milhares de pessoas nos escreveram dizendo que mudaram a sua história ao fazê-lo. Acesse www.voceeinsubstituivel.com.br. Você pode ser substituível profissionalmente, mas como ser humano você é simplesmente único e irrepetível.

 

Crédito: Honorival Fontes – Empresário, Professor, Palestrante, com formação em Teologia, Filosofia, Publicidade e Propaganda, especializações em Psicanálise, Terapia Comunitária, Coach e outros cursos concernentes.

 

 

 

 

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