Résia Morais | Psicóloga
A ÁREA DE SAÚDE DEFINITIVAMENTE
ESTÁ SE FAVORECENDO DA TECNOLOGIA
Na busca de compreender o processo tecnológico na área da saúde mental, há um ano venho estudando a Inteligência Artificial (AI) e as Redes Neurais Artificiais (RNAs). Foi quando resolvi fazer um doutorado em Ciências com ênfase em AI. Mas o que é a Inteligência Artificial e Redes Neurais? E por que muitos profissionais ainda têm receio de utilizar ou trabalhar com ela, principalmente dentro dos modelos de atuação psicoterapêutica e/ou psiquiátrica? A área de saúde definitivamente está se favorecendo da tecnologia. Desde o primeiro artigo sobre modelagem de redes neurais (McCulloch Pitts, 1943), o fascínio contínuo com essa técnica parece estar relacionado à sua ligação histórica com a AI, na medida em que as RNAs imitam atividades neurais do cérebro humano. A modelagem de redes neurais tem sido usada para várias tarefas, incluindo reconhecimento de fala, previsão do mercado de ações, identificação de células cancerígenas, reconhecimento de caligrafia, números, placas, etc. Em suma, as RNAs tornaram-se importantes em diversas áreas da psicologia e da medicina e pode auxiliar uma variedade de problemas de decisão clínica, como avaliação do estado psicológico, diagnóstico de transtornos psiquiátricos e previsão de resultados comportamentais, como tentativas de suicídio, hospitalização e morte. Sabe-se que em pouco tempo, os chatbots, suportados pela Inteligência Artificial, poderão aliviar a carga dos profissionais da saúde em relação a problemas de administração e gerenciamento rapidamente solucionáveis. O uso de assistentes pessoais virtuais e chatbots na área da saúde não é novo. Há 52 anos, Joseph Weizenbaum, em seu laboratório de Inteligência Artificial construiu o primeiro programa para processamento de linguagem natural. Com o nome de Eliza, o programa imitava um psicólogo e fazia perguntas ao paciente simplesmente reorganizando o que o próprio paciente dizia. Eram os primórdios da Inteligência Artificial que começava a sair dos romances de ficção científica para entrar definitivamente na realidade das pessoas. Hoje, existem alguns campos médicos em que empresas oferecem assistentes pessoais inteligentes para facilitar a vida de pessoas com deficiência visual, tornando-as mais independentes, por exemplo. Almejar essa possibilidade nem de longe é o mesmo que recomendar a substituição do profissional de saúde pelos chatbots. Contudo, eles podem fazer parte do trabalho de triagem associado à queixa inicial do paciente, ajudando-o a identificar se algo está errado e, a partir disso, conduzi-lo ao atendimento com seu psicólogo, médico ou convênio.
Résia Silva de Morais – CRP-MG 04/31203, Profª. Psicóloga Clínica em TCC
e Psicopedagoga – UFU, Especialista em Terapia Familiar e Hospitalar, Mestre em Psicologia da Saúde – UFU e Doutoranda em Ciências – UFU.