Por todo o país, milhares de cidadãos estão trabalhando em projetos voluntários em solidariedade ao próximo durante a pandemia
O momento pelo qual estamos passando é um verdadeiro desafio em diversas áreas. Entretanto, temos grandes exemplos de pessoas que, em um ato de empatia e altruísmo, estão arriscando seu próprio bem-estar e se dispondo a ajudar o próximo em meio a essa pandemia.
Por todo o país ocorrem projetos voluntários de diferentes metodologias, desde o cuidado de um pequeno grupo de pessoas até aqueles que atingem uma parcela significativa da população, visando e resultando na saúde pública como um todo. Há por exemplo, voluntários indo ao mercado ou à farmácia para diminuir a exposição de idosos e outras pessoas pertencentes a algum grupo de risco, tendo até aplicativos e plataformas criados justamente com esse fim.
Entre os casos citados, temos o Professor Dr. Alexandre Zuquete Guarato, da Universidade Federal de Uberlândia, responsável por um projeto que fabrica viseiras de proteção (faceshields), feitas através da manufatura aditiva ou impressão 3D, que tem como objetivo final a doação aos profissionais de saúde atuantes no momento por meio da Secretaria de Saúde.
Para Guarato, ações como esta, assim como de outros professores e pesquisadores, são muito importantes em uma crise como a que está sendo vivenciada. “Todos os pesquisadores desejam ver sua pesquisa e suas ações dando retorno para a sociedade”, afirmou ele.
No entanto, o histórico de desvalorização da ciência, em especial nas instituições públicas, é um obstáculo, como relatou o Doutor, “Principalmente desde 2014, o cenário para o pesquisador brasileiro está cada vez mais difícil, devido aos cortes nas bolsas de pesquisa, contingenciamentos nas verbas de educação, ciência e tecnologia e redução dos editais de pesquisa de diversas agências, como CAPES, CNPq e Fapemig.” Ao finalizar, afirmou que “é preciso renovar a confiança na ciência, investir mais e de forma contínua e robusta na educação e na ciência. Nenhum país se desenvolve se não está preparado para adversidades como essa, cortando investimentos nessas áreas.”
Outros projetos em andamento envolvem a distribuição de alimentos e outros suplementos para famílias que necessitam ou pessoas em situação de rua. Uma dessas ações é o Posto de Assistência Espírita Eurípedes Barsanulfo, que existe por mais de 20 anos e continua em funcionamento mesmo durante a presente pandemia, sob a coordenação de Josué Silva de Moraes.
Participante do projeto, Jayne Nunes narra que na situação atual, o foco é a entrega das verduras e mantimentos às pessoas que procuram ajuda. A organização é feita previamente na residência dos voluntários com o cuidado necessário e, no dia da distribuição, há fornecimento de álcool em gel, luvas e máscaras, além de filas com o maior distanciamento possível.
Ações como essa são de extrema importância, pois devido à quarentena e à necessidade de isolamento social, muitas pessoas perderam sua fonte de renda, assim como outros centros de assistência que suspenderam o funcionamento. “Percebemos que houve um aumento de pessoas a procura de assistência. Algumas delas não possuem outra fonte na busca de alimentação”, relatou Nunes.
Em relação à vivência e sentimento ao tomar parte em ações como as apresentadas, ambos relatam sua experiência positivamente. “É incrível o quanto saímos renovados de um trabalho assim. Todo domingo parece que é uma sensação nova, conhecendo um pouco mais o dia a dia das pessoas e podendo auxiliá-las”, afirmou Jayne Nunes. “Apesar de estar me expondo para produzir as viseiras estou muito satisfeito em ajudar os profissionais de saúde. É muito gratificante ver que meu trabalho sendo útil neste momento de crise. Muitas pessoas, próximas de mim ou não, estão me incentivando e dando apoio para que o projeto continue”, descreveu o Professor Dr. Alexandre Guarato.
Por Communicare Jr. | Gabriela Pina