Mais do que nunca, é necessário que a solidariedade fale mais alto na nossa sociedade
A doação de sangue é um ato de solidariedade ao próximo e responsabilidade com a saúde pública, uma vez que o sangue é um líquido insubstituível e de extrema importância, que pode salvar muitas pessoas, além de melhorar a qualidade e o tempo de vida de outras tantas.
O ideal seria que os estoques estivessem sempre abastecidos, porém, esta não é a realidade, principalmente durante o atual período de distanciamento social. A quantidade de doadores não chega a ser 2% da população brasileira, de acordo com dados de 2017, enquanto a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que essa parcela corresponda de 3,5% a 5%.
“O baixo estoque impacta diretamente a quantidade de procedimentos realizados, com suspensão de cirurgias e transplantes, afetando, também, a qualidade do atendimento dos pacientes com distúrbios hematológicos, crônicos e agudos”, explicou a coordenadora de Hemoterapia do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, também conhecido como Fiocruz (IFF), Maria Cristina Pessoa dos Santos, no portal oficial do centro de referência na área da saúde.
Uma única doação pode contemplar até quatro pacientes. Entretanto, quem pode doar? Pessoas com idades entre 16 e 69 anos (menores com autorização dos responsáveis), que pesem mais de 50kg e estejam saudáveis. Para saber se você se encaixa ou não neste último critério, basta acessar as recomendações do Ministério da Saúde aqui: https://saude.gov.br/saude-de-a-z/doacao-de-sangue.
A Nova Decisão Judicial
Até a última sexta-feira, dia 08 de maio, um dos critérios que impediam a doação de sangue no Brasil é ser um homem que manteve relações sexuais com outros homens no período de 12 meses antes do momento da doação. Em uma decisão considerada histórica, o Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria de votos, decidiu derrubar tais restrições, considerando-as inconstitucionais e de teor discriminatório.
“Essa ação foi fruto de pesquisas e diálogos com vários segmentos da sociedade e especialistas da área médica. Percebemos que a norma se baseava em premissa discriminatória e preconceituosa de que os homossexuais são grupo de risco.” comenta o advogado Rafael Carneiro, um dos autores da ação apresentado ao STF. “Arriscada é a conduta de cada um, não a orientação sexual. Todo sangue é testado por determinação legal, não há risco para a qualidade e segurança do sistema de doação de sangue”, afirma.
A ação contou com o apoio de diversas entidades da sociedade civil, tais como o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), o Instituto Brasileiro de Direito Civil, a Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular e a Associação Nacional dos Defensores Públicos, assim como a Defensoria Pública da União (DPU), que se posicionou a favor.
Para Guilherme da Silva Santos, de 21 anos, a decisão do STF acerca da possibilidade de doação de sangue por homens gays e bissexuais, assim como suas parceiras, é beneficial para ambas as partes. “Por um lado, essa decisão vai favorecer os bancos de sangue, que vão poder ter um número maior de doadores, sendo estes tanto as pessoas que antes não podiam doar, quanto as que se sentirão inspiradas por essa decisão. Já para a comunidade LGBTQ+, é importante por uma questão de empoderamento e de superação de preconceitos, tanto no campo médico, quanto diante da sociedade como um todo, além de ser uma medida que garante direitos civis básicos”, opina o estudante, que se identifica como homem gay.
Durante esse período, a Fundação HemoMinas está trabalhando com agendamento online para gerenciar e controlar o fluxo de atendimento, visando evitar aglomerações para a saúde e segurança de todos. O cidadão interessado e que se encaixe nas recomendações para ser um doador pode agendar pelo site da fundação ou pelo aplicativo “MG APP – CIDADÃO”.
Para os moradores de Uberlândia e região, o Hemocentro Regional está localizado na Avenida Levino de Souza, 1845, Bairro Umuarama. O horário de atendimento é de segunda a sexta (e no último sábado do mês) das 07:00 às 11:30 horas, com adição do turno de 14:00 às 17:00 horas nos dias de segunda e quarta-feira.
Por Communicare Jr. | Gabriela Pina