Karolina Cordeiro
Não estamos somente “esperando” tudo voltar ao normal. Não existe mais normal.
Se para pais típicos, que já tinham uma vida comum e normal, a pandemia do
Covid – 19 abalou todas as estruturas, imagina para famílias atípicas, com
filhos com deficiência e doenças raras. Para estas, é sem dúvida, mais
desfavorável e desafiador. Medo, que já faz parte da rotina, se torna pânico,
um misto de sentimentos que vão de desespero a tristeza. E no caminho do
meio tem a fé. Qual a saída? Teremos que achar um novo caminho. Melhor
que achar, sentir. O meio termo entre o bom senso de priorizar a vida e ter o
mínimo de qualidade de vida. Sem dúvida, essa nova pandemia também nos
pede, enquanto pais de crianças com deficiência, uma nova postura para e
diante à vida. Teremos que parar de pensar o que afeta e caminhar para a
reflexão do que o tem nos transformado. Uma pandemia que está nos levando
para um único caminho. Estrada do nada mais será como antes. Não estamos
somente “esperando” tudo voltar ao normal. Não existe mais normal. De sexta
pra sábado, às três horas da manhã, com a janela aberta, eu e Pedro deitados
no quarto somente com a luz da lua ouvindo Almir Sater. E conversamos sobre
essa nova forma que vamos viver. E no reflexo da lua em seus olhos eu li: a
palavra desistir nunca fez parte dos meus planos, mamãe. E, para a solidão do
isolamento, me dá logo um sorriso, que do restante eu me encarrego.
Sou Karolina Cordeiro, uma mãe que transforma a experiência de ter um filho com
deficiência em aprendizado e oportunidade de criar relações significativas e
importantes para um mundo melhor. O Pedro, meu filho, tem 12 anos, está no sexto
ano do Ensino Fundamental numa escola pública municipal.