Profissionais aderem a novas formas de atendimento e se solidarizam com a preservação da saúde mental no momento de crise

A quarentena e os cuidados com o novo coronavírus levaram diversos profissionais a se reinventarem e na área da saúde não foi diferente. O atendimento psicológico via internet, que até então era realizado apenas como ferramenta auxiliar, tornou-se uma realidade comum nos últimos meses para diversas clínicas e seus pacientes. Surgiram também iniciativas de apoio à comunidade por parte de instituições da área que democratizam o acesso aos tratamentos para a saúde mental, com o intuito de oferecer maior suporte no momento atual.
Segundo o psicólogo, idealizador da Campanha Janeiro Branco, autor e palestrante, Leonardo Abrahão, o afastamento das relações sociais e das antigas atividades diárias, além do agravamento de questões financeiras são fatores relevantes no processo de entristecimento crescente durante a pandemia.“Muitos estão desenvolvendo quadros crescentes de ansiedade, em função dos temores em relação ao presente e ao futuro, haja vista a insegurança em que todos estamos vivendo em relação às consequências da pandemia.”, ressalta Abrahão.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) inclui e regulamenta com maior abrangência a psicoterapia mediada por tecnologias da informação e comunicação (TICs) desde 2018. “Representa uma grande possibilidade de democratização dos processos que a humanidade já conhecia nas formas analógicas e presenciais. Isso, em tempos de pandemia e de isolamento social, é uma imensa vantagem que a internet nos proporcionou”, relata Leonardo, o autor do livro Promoção da Vida: cuidando dos indivíduos e mudando as sociedades, todos os suicídios são evitáveis.
A plataforma de aconselhamento terapêutico online A Chave da Questão, diante do crescimento acentuado no número de visitantes desde o início do período de isolamento, levou seus profissionais a atenderem também pelas redes sociais, através do chat e outras formas de interação, além do bate-papo no site oficial. O canal utiliza de uma abordagem multidisciplinar e sua equipe tem como foco o “manejo de situações difíceis” e o “restabelecimento do equilíbrio”, centrada em questões diárias, diferenciando-se, assim, da psicoterapia, segundo a coordenadora Fátima Marques.
Também de forma gratuita, outras redes se prontificaram a oferecer serviços de apoio a saúde mental neste período de forma mais acessível. Diferentes iniciativas ganham destaque, como a startup Bem Care, que liberou acesso gratuito aos seus profissionais durante seis meses, a partir do mês de abril. A plataforma, que funciona por meio de um aplicativo e reúne diversos serviços voltados para saúde e bem-estar, tem o objetivo de amenizar os efeitos do isolamento através do controle emocional.
A iniciativa Relações Simplificadas, que reúne um grupo de 35 psicólogos e psicanalistas na realização de acolhimento online, também ganhou destaque desde o início do isolamento. De acordo com o site da plataforma, as sessões são gratuitas, com duração de trinta minutos e realizadas por vídeo-chamada. A escuta ainda não se trata de uma terapia ou psicologia online, obtendo o propósito de “diminuir a solidão e ajustar os pensamentos e sentimentos internos”.
De acordo com Leonardo Abrahão, o sigilo e a confidencialidade ainda se fazem imprescindíveis, mesmo em atendimentos remotos, além da garantia da qualidade técnica na comunicação. “Sem qualidade em uma transmissão de vídeo e de áudio, não aceito o trabalho de atendimento a um sujeito em sofrimento psíquico. Minha responsabilidade é grande. As condições de trabalho têm que ser respeitadas e garantidas.” ressalta Abrahão.
Campanha divulgada nas redes sociais pelo @leonardoabrahaooficial

Ainda enfatiza a prática de exercícios físicos, boa alimentação, o contato com a natureza e os animais como fundamentais para a manutenção do equilíbrio emocional, além da procura por profissionais da saúde. “Cerque-se de afeto e distribua afeto em suas relações: no final de cada dia, nossas memórias são os nossos melhores travesseiros.” diz o psicólogo.
Por Communicare Jr. | Luisa Cardoso