Adriana Sousa
Fotos Arquivo Pessoal | Divulgação
O que aprendi com minha mãe sobre o respeito entre as pessoas.
Tive o privilégio de ser educada por pais cultos e sensatos. Minha mãe mantém a mente ativa por meio da leitura de jornais, livros e consumo de conteúdos de qualidade. Cuida de seu jardim e dos ninhos de beija-flores. Curiosa, busca respostas para o que não sabe, ao invés de mirabolar teorias conspiratórias. Começo esse texto com sua presença porque vieram dela meus fundamentos sobre liberdade de expressão. Logo cedo, nos ensinou que a minha liberdade termina quando começa a do outro. Ouvi isso muitas vezes e foi um dos meus pilares, saber que existem limites e eles se dão em nossas relações. Tenho liberdade de expressão, mas posso ser processada se filmo ou fotografo uma pessoa na rua sem autorização dela e coloco isso na internet. Tenho liberdade de expressão, mas estou sujeito à pena da lei se utilizo minhas redes sociais digitais para difamar uma pessoa. Tenho liberdade de expressão, mas posso ter minha mensagem bloqueada em algumas plataformas quando, de maneira deliberada, compartilho mentiras ou desinformação. Aqui, o limite é o mais tênue de todos e fica difícil saber quando se queima a linha que separa liberdade de expressão e censura prévia. Tramita no Congresso Nacional uma lei que tem como escopo a liberdade de expressão. Fala-se em controle da mídia. Pede-se a suspensão de contas em redes sociais pelo que elas ainda nem publicaram. Quanto mais seguimos este percurso, mais nos aproximamos da censura. A imprensa sofre ataques para desmerecer seu papel em uma sociedade democrática. Resgato o que me ensinou minha sábia mãe. O que tenho a dizer prejudica a capacidade do outro em exercer sua liberdade? A depender da resposta, revogo eu mesma, com autonomia, meu direito de expressar-me.
Adriana Sousa é jornalista e professora universitária.