MUNDO CULT
Dr. Guilherme de Freitas
Fotos Arquivo Pessoal | Divulgação
“Qualquer tentativa de mudança é boicotada pelo sistema viciado que ajudamos a construir”
É fato que essa pandemia pelo coronavírus influenciou a tudo e a todos. Com as campanhas políticas não foi diferente. Estamos vivendo uma eleição muito tumultuada, com uma enxurrada online de propagandas, promessas e abraços virtuais. Campanhas inteiras sendo realizadas nos bastidores. Minha caixa de spam já está lotada, fake news nem se fala. Deturpação do conceito de política. Pelo Aurélio, o significado é a forma do Estado em conduzir os povos, modo cortês e civil de agir, ramo da ciência que trata de organizar o relacionamento entre as pessoas. Ao contrário disso, não existe cordialidade, muito menos civismo. Tem-se valorizado o sorriso branco ao contrário das qualidades individuais. Todos têm votado somente em conhecidos: Fulano do bairro tal, Beltrano da padaria, Joana da mercearia e, o que eu achei o melhor, Clarc crente. Estamos reafirmando a velha politicagem. Isto é, o ideal de realizar ou satisfazer interesses pessoais, definindo uma troca de favores particulares. Por favor avaliem o que seu candidato fez de útil na última década, não precisa exagerar, nos últimos dois anos. Platão, em seu livro “A República”, afirmou que “o indivíduo tem o poder de mudar uma sociedade, mas o inverso também é verdadeiro…”. O que observamos é que a população ensaia uma retomada de comportamento lógico, de moralidade, ética. Mas, só ensaia. Qualquer tentativa de mudança é boicotada pelo sistema viciado que ajudamos a construir. A questão é, enquanto você não tiver uma percepção maior e conseguir observar a sociedade como um todo, continuaremos analisando com visão umbilical. Assim, definitivamente, pode-se dizer que você foi corrompido de um jeito ou de outro.
#ficaadica
Dr. Guilherme de Freitas é médico hiperbárico, ortopedista e traumatologista subespecializado em Cirurgia do Quadril (USP), com atualização em Exeter (UK-Inglaterra) e Naples (FL-EUA). Trabalhou no Hospital Santa Genoveva como cirurgião ortopedista. De família médica uberlandense, sofreu um AVC com Síndrome do Encarceramento aos 33 anos de idade, perdendo grande parte dos movimentos e fala, e tornou-se escritor. É autor de “O quarto 65: uma janela para a vida”, “Desafiando a ciência: uma metáfora da vida” e “Room 65: a window to life”.