Este mês, viajei para visitar uma das minhas melhores amigas que está enfrentando um câncer e que não via há dez anos. Para falar a verdade, faz tanto tempo que não estávamos juntas que perdi a conta da última vez que nos encontramos. Pode bem ser até mais do que uma década. Não sei ao certo. O fato é que parece até outra vida quando nos vimos pela última vez em Memphis, Tennessee. Naquela viagem que fizemos para conhecer a casa de Elvis, ninguém estava doente, nossos pais ainda estavam vivos, sem contar que meu cabelo era preto e o dela loiro. Hoje, a realidade está um pouco mais difícil; Kelly
está doente, tanto meu pai quanto o pai dela já não estão mais entre nós, o cabelo dela está colorido, e o meu é loiro. Ou seja, as coisas mudaram muito. Mas nem tudo. Nessa viagem que acabei de fazer para visitá-la, percebi que entre nós continua exatamente igual. Somos tão amigas e íntimas como éramos há trinta anos, quando nos conhecemos em um bar de rock na Califórnia. Tão amigas quanto da ultima vez que nos vimos.
E não só com ela foi assim, nessa mesma viagem também estive com as minhas outras duas melhores amigas, que, aliás, mesmo morando em países diferentes, são as pessoas que procuro quando quero desabafar algo ou filosofar sobre a vida. E com elas foi exatamente igual como foi com a Kelly; quando nos encontramos – mesmo depois de uma ausência de muitos anos – não houve aquele momento estranho de “vamos nos reaproximar”. Nós retomamos exatamente de onde paramos, como se tivéssemos nos visto na semana passada.