A IMPORTÂNCIA DO CERRADO NA PRODUÇÃO DE GRÃOS, CARNE E LEITE É INCONTESTÁVEL
Houve época em que cerrado era considerado “lonjura” para os fazendeiros, produtores rurais e afins que dependiam da terra para seus negócios e sobrevivência. Lonjura era sinônimo de terra ruim, improdutiva. Era. Levantamento feito pelo IBGE mostra que o cerrado ocupa 24% do território brasileiro. É quase 1/4 do solo disponível para plantio, terra pra não acabar mais, espalhada pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e Brasília, envolvendo aí mais de 1300 municípios. É incontestável a importância do cerrado na produção de grãos, carne e leite.
O agronegócio nacional deve o que é, em parte, ao cerrado. É uma importância que começou a ser mostrada aos produtores no início da década de 70 com apoio decisivo do governo da época para abertura de novas fronteiras agrícolas.
O milagre brasileiro
O então ministro da Agricultura, engenheiro agrônomo Alysson Paulinelli, criou o Polocentro que previa o aproveitamento de faixas de cerrado ao longo de rodovias com recursos subsidiados pelo governo. Paulinelli, criticado por querer produzir em terras até então inaproveitáveis, rebateu dizendo que “cerrado é apenas um substrato comum, basta corrigí-lo que vai produzir tanto ou mais que os mais ricos solos”. Não deu outra. Foi quando apareceram linhas especiais de crédito agrícola (Sistema Nacional de Crédito Rural) incentivando o crescimento do agronegócio dando início ao o que os militares chamavam de “milagre brasileiro”. Na região do Xingu, alqueires eram negociados a preços baixíssimos com subsídios para o desmatamento e preparo do solo para plantio de capim e grãos. Tempos de enriquecimento rápido no agronegócio. E de quebradas homéricas de empresários que não se precaveram quanto às surpresas que o agronegócio reservava aos incautos aquela época.
A salvação da lavoura
Ambientalistas enlouqueceram durante certo tempo (alguns, até hoje), bradando contra os estragos que o agronegócio estaria promovendo no bioma cerrado. Mas foi um processo irreversível. O surgimento da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias – Embrapa, que veio no rastro do Polocentro, em 1971, selou o destino positivo do agronegócio com o desenvolvimento de variedades de grãos e gramíneas para o solo recémexplorado. Os números espetaculares da produção agrícola advinda do cerrado foram fundamentais para a crescente participação do agronegócio na balança comercial. O agronegócio passou a ser a “salvação da lavoura” no Produto Interno Brasileiro – PIB. Para se ter uma ideia, as exportações do agronegócio em maio totalizaram 9,9 bilhões de dólares.
Regiões privilegiadas
O Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Vale do Rio Grande são exemplos de regiões que souberam (e sabem) aproveitar as benesses que o cerrado oferece. São regiões com facilidades extras de suma importância
para o desenvolvimento das atividades de plantio e negociação das safras: água com abundância e uma logística diferenciada. O privilégio proporcionado pelos fatores água, energia e logística despertou a atenção de grupos multinacionais importantes do agronegócio como a canadense Lallemand, que adquiriu recentemente o laboratório de pesquisas de fungos do grupo Farroupilha em Patos de Minas; Aliança Agrícola, ex-Sudrugestvo, gigante internacional na área de esmagamento de soja; Cargill, Syngenta, ADM e outros. E vêm outras por aí. Paulinelli tinha razão.
Problemas aos montes
Se o produtor tem uma competência ímpar da porteira para dentro, o mesmo não acontece com a área governamental, que continua deixando a desejar, e muito, na construção e conservação de estradas, armazéns graneleiros, etc. Agora mesmo, o produtor se vê às voltas com os corriqueiros sempre sérios problemas, agravados com a recente paralisação do transporte e as discussões em torno do frete. Boa parte da produção de soja continua estocada por causa da falta de escoamento provocada pela indecisão do preço do frete. O Portal DBO informa que o problema de armazenagem este ano vai ser pior porque a previsão de boa safra se confirma no campo.
“Com capacidade de armazenamento agrícola já deficitária, o país ganhou nas últimas semanas mais um elemento de preocupação em relação ao espaço para estocar a produção. A paralisação dos caminhoneiros e o posterior tabelamento dos preços mínimos para o frete interromperam o escoamento e a comercialização de grãos, represando a soja nos armazéns de Mato Grosso e Goiás. Com a colheita de milho já iniciada no primeiro e para começar no segundo, a preocupação é se haverá espaço para o cereal.
“Estamos tendo problemas de armazenagem há algum tempo, mas este ano pode ser mais grave, pois vai ser uma boa safra e temos esse problema de escoamento. Se este impasse continuar, a tendência é de que comecemos a ver milho a céu aberto daqui 15, 20 dias”, afirma Antônio Galvan, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso em entrevista ao Portal DBO.
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