Pensando o Brasil do futuro. Qual o cenário ideal? 

Alitéia Milagre | Serifa Comunicação

Fotos Mauro Marques | Primo Fotografias | Divulgação

 “A tendência é a geração de mais emprego e mais dinheiro circulando pelo aumento do consumo”

O Brasil passou por anos críticos na economia, sobretudo, no sistema político, que tem como entre tantas atribuições a tomada de decisões que impactam diretamente o desenvolvimento do país. Pelo menos de acordo com o que as pesquisas e economistas de renome apresentam de dados é hora de voltar a acreditar no País. Recentemente, a agência de classificação de risco S&P, elevou a perspectiva da classificação de risco do Brasil de “estável” para “positiva”. Essa decisão significa a recuperação no selo de bom pagador do país, perdido em 2015. Além do governo buscar a implementação de medidas de consolidação voltadas para reduzir o grande déficit fiscal do Brasil, a condição favorável se dá devido às taxas de juros mais baixas e a gradual implementação de uma agenda de reforma levando em conta a evolução gradual nos resultados fiscais. Com todas estas ações, a S&P acredita na possibilidade de uma elevação no rating (nota dada a uma empresa, país, título ou operação financeira para medir o risco de crédito).  E tem mais notícia boa. A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima) fez um levantamento, encomendado pelo Datafolha, que mostra que a maioria dos brasileiros vê a queda da Selic como principal estímulo para aumentar os investimentos. Sobre as intenções de investir em 2020, a pesquisa apontou que 48% dos entrevistados acreditam que a redução da taxa básica de juros é o principal fator de estímulo às aplicações financeiras. Já a Reforma da Previdência motiva 36% da população a investirem, de olho na aposentadoria.  Em suas redes sociais, o economista Ricardo Amorim disse, por meio de um vídeo, que a economia tende a melhorar. “Finalmente, depois de três anos de economia em colapso e de crescimento pífio, no último trimestre do ano passado a economia começou a dar sinais claros de que a aceleração econômica está acontecendo. Tivemos uma aceleração no ritmo de criação significativa de emprego. O crescimento da indústria no último trimestre em termos anualizados foi de 10% ao ano. Tivemos crescimento no setor de serviço. As vendas do comércio foram muito mais significativas, particularmente por conta do Natal, e tudo isso depois da Reforma da Previdência em outubro. Se o Brasil for capaz de aprovar as reformas administrativas e tributárias e acelerar o processo de privatizações, a expectativa é que tenhamos novas acelerações ao longo do ano. Salvo uma crise externa ou uma crise política muito grave, teremos a economia crescendo bem mais do que nos últimos anos”, ressalta Amorim. De fato, tudo sinaliza para uma melhora. O Fundo Monetário Internacional (FMI) potencializou a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2020. No relatório “World Economic Outlook”, divulgado recentemente, o FMI supõe que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve avançar 2,2% neste ano, uma alta de 0,2 pontos percentuais em relação ao cenário apresentado em outubro. Para 2021, a projeção é de alta de 2,3%, uma redução de 0,1 ponto percentual em relação ao relatório anterior. Já a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que a economia brasileira crescerá 1,7% em 2020 devido a um impulso com o aumento da confiança das empresas. O Ministério da Economia prevê uma taxa de crescimento de 2,4% do PIB em 2020. Já o mercado financeiro estima 2,30%, de acordo a última pesquisa Focus, feita pelo Banco Central.  Para 2020, o FMI preconiza que a aceleração do crescimento mundial resultará de um maior crescimento nos países emergentes, cuja taxa de expansão passaria de 3,9% em 2019 para 4,6% em 2020. Para ter ideia da força do Brasil em outros países, de acordo com a Forbes, são mais de 400 empresas com atuação em 56 países. São organizações com valor agregado ou que atuam por commodities. Elas concorrem no mesmo patamar com outras gigantes globais.

Depoimentos e Perspectivas

Pensando o Brasil do futuro, a revista Cult ouviu especialistas, empresários e representantes de entidades de Uberlândia para saber a opinião deles sobre o cenário ideal para o País. “Com a queda dos juros não existe mais aplicar dinheiro, é preciso investir. A consequência disso é que a economia vai começar a girar. Aliando a evolução da economia com o ciclo de reformas, acredito que as empresas tendem a ter maior lucro. A tendência é a geração de mais emprego e mais dinheiro circulando pelo aumento do consumo. As empresas estão se redescobrindo. Em relação às ações das empresas brasileiras, no fim de 2018, a Bolsa de Valores não chegava nem a 90 mil pontos e, no fim de 2019, já estava em 117 mil pontos. Isto significa um movimento de ‘maré alta’. Se houver as reformas administrativas e tributárias, o Brasil terá investimentos estruturais na infraestrutura do país e isso vai segurar o PIB. Tudo que o Brasil faturar vai conseguir sedimentar e a tendência é diminuir a pobreza do país.  A ideia é olhar para alguns segmentos que são bem sensíveis à essas altas. Primeiro, o mercado da construção civil, porque a tendência do brasileiro é tirar o dinheiro do banco (e tem que tirar mesmo) e colocar no mercado de tijolo ou no mercado de papéis, que são os mercados dos fundos imobiliários. O segundo é que a educação, que também é um negócio, deve explodir no Brasil. Com isso, será preciso importar mão de obra especializada para poder atender uma demanda, se houver realmente este crescimento. Uma coisa que não dá para mensurar é velocidade com que as coisas ocorrerão. Na economia 1.0, 2.0 e 3.0 as coisas ocorriam mais lentas. Já na economia 4.0 tudo ocorre muito rápido. Haverá um apagão de talentos e de mão de obra. Não há como mensurar isso. Mas a educação vai ser um grande negócio e quem estiver preparado aproveitará bem as oportunidades que virão” – Tomaídes Rosa, empresária, consultora em Gestão Empresarial e presidente do Aciub Mulher.

 “A melhoria da renda, que poderá levar o povo brasileiro a diminuir o desnível social, com uma consequente melhora na segurança pública e no exercício da cidadania, passa única e exclusivamente pela reparação do ambiente de negócios, que em nosso País onera de forma radical, principalmente as pequenas e médias empresas, e impede a manutenção e a criação de novos empregos. O centro dos possíveis impedimentos que dificultam a desoneração dos chamados “custos Brasil”, que recaem sobre a atividade econômica, está ancorado na Constituição de 88, dita “cidadã”, que além de criar excesso de direitos sem a consequente definição de fontes de receitas, exagerou ao regular um grande número de situações de forma ambígua e sujeita a várias interpretações. Os papéis dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que em um Estado democrático têm a necessidade clara de serem bem definidos, aqui se encontram em franco desbalanceamento, levando o Judiciário a interpretações equivocadas da lei e a uma função de legislador, que é exclusividade do Legislativo. Se quisermos um país capaz de pertencer à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), com regras claras nas relações de negócios, sem insegurança jurídica e capaz de ter um Estado enxuto, competente e bem fiscalizado, não adianta só pensar em reformas que, em geral, são parciais e sempre com um alto custo de negociação. Precisamos ter a coragem de reformar a Constituição, criando uma nova Assembleia Constituinte composta por empresários e pessoas de outras atividades que tenham prática na vida profissional e competência para consertar a “colcha de retalhos” composta de 116 PECs (projeto de emendas constitucionais já aprovadas). Só assim, a economia prosperará e levará o Brasil a um caminho constante de desenvolvimento, sem os famosos “voos de galinha” que sempre permearam e refrearam nossa prosperidade” – Cícero Heraldo Novaes, empresário e presidente da CDL Uberlândia.


“Li sobre 12 projeções de institutos de pesquisa e todos eles apontam um crescimento para o Brasil de 2,5 a 2,7, 2,8%. Existem alguns mais conservadores que dizem abaixo de 2,5%, mas é pouco. E só tinha um deles que apontava um crescimento possível de até 3%, que eu não acredito. Acredito no crescimento do Brasil na casa de 2,6 a 2,8% no máximo. Quanto a atração do investimento, o que o governo precisa fazer (quando falo governo é federal, estadual e municipal) é o dever de casa. Isso já cria o ambiente positivo para a atração de investimentos. Acredito que até já começou pela Reforma da Previdência, mas precisamos avançar com as demais reformas deste ano. Creio que ainda consigamos fechar em 2020, no mínimo, a Reforma Tributária (as demais vêm a rebote), que é essencial para a nossa sobrevivência. Nossa legislação tributária é uma loucura e precisa urgentemente ser simplificada. Em relação à tecnologia, ainda temos muito o que avançar. Recentemente, estive na Alemanha, visitando parques industriais, especialmente com base tecnológica. Estamos muitos aquém, mesmo tendo dado passos importantes, penso que é preciso agilizar. Em Uberlândia, com a aprovação do Parque Tecnológico, já teremos um primeiro passo e torcemos para que o modelo criado não deixe de fora empresas que investem aqui há muito tempo. Quanto à energia, é uma preocupação. O Brasil não tem geração de energia suficiente para atender um crescimento seguido de nem de 3% ao ano nos próximos quatro anos. Então, precisamos aumentar nossa base de fornecimento energético. O mundo hoje avançou muito nessa área: não precisamos de usinas pesadas e caras, temos muitas outras possíveis fontes de energia, como a eólica e as energias naturais renováveis.  Falando em energia, consequentemente pensamos em infraestrutura de uma forma geral. O Brasil precisa se preocupar com esta questão porque não temos infraestrutura para um crescimento de quatro anos consecutivos com um crescimento acima de 3%. Portos, aeroportos, rodovias e, especialmente, ferrovias. Então, precisamos avançar nesse modal que é o mais barato e mais econômico, mas ele precisa de um investimento governamental e que abra também para iniciativa privada para ajudar o governo a resolver esse problema” – Paulo Romes, empresário e presidente da Aciub (Associação Comercial e Industrial de Uberlândia).

“O destaque positivo é creditado à aprovação da Reforma da Previdência e à queda da taxa de juros básica da economia (Selic), possibilitada pelas expectativas de inflação ancoradas abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central para 2019 e 2020. A queda dos juros e a recuperação (embora lenta) do mercado de trabalho têm contribuído para o crescimento do consumo, com reflexos positivos na atividade econômica, observados no segundo semestre do ano. Para 2020, as perspectivas trazem mais ânimo já que são esperados a continuidade do processo de recuperação do mercado de trabalho e novos cortes da taxa básica de juros, assim como a melhora da percepção de confiança de empresários e consumidores. O PIB brasileiro e mineiro tende a registrar crescimentos de 2,2% e 2,34%, respectivamente. A agenda de reformas (tributária e administrativa) tem o grande potencial de auxiliar uma recuperação mais robusta da economia brasileira nos anos seguintes. E é isso que nós empresários ansiamos em busca de um cenário mais favorável para o momento atual e para os próximos anos: um trabalho em conjunto e harmonioso entre nossas atividades do dia a dia e as ações do governo do Estado, bem como o Federal. Segundo a gerência de estudos econômicos da FIEMG  (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), o Índice de Confiança do Empresário Industrial, ICEI, do mês de dezembro de 2019, cresceu pelo segundo mês seguido, saindo de 62,6 pontos em novembro para 64,6 pontos em dezembro. O resultado aponta empresários confiantes pelo 15º mês consecutivo, com indicador acima de 50 pontos – fronteira entre confiança e falta de confiança.  O índice ficou 0,9 pontos acima do apurado em dezembro de 2018 e alcançou o maior valor desde junho de 2010 (65,7 pontos). O indicador mostrou empresários mais satisfeitos com a situação atual das economias brasileira e mineira e de suas empresas. O resultado foi 8,3 pontos superior ao de dezembro de 2018 (51,0 pontos) e o melhor desde junho de 2010 (59,4 pontos), criando desta forma uma nova atmosfera para os investidores de Minas Gerais bem como no País. Um dos itens que compõe um panorama ideal para quem investe é a segurança jurídica na qual está sendo aos poucos fomentada novamente no Brasil, influenciando diretamente a classe produtiva e seus desdobramentos. E por falar em classe produtiva, é anseio também da maioria do empresariado mineiro que a mineração consiga manter um bom diálogo entre produtividade e meio ambiente, respeitando as normas estabelecidas para a preservação não somente da natureza, bem como de todas as vidas que envolvem a extração de minério e, especialmente, a vocação do nosso Estado, já que o setor é responsável por 4% do PIB nacional, 21% das exportações e gera mais de 180 mil empregos diretos e 2 milhões indiretos. E para encerrar as boas novas, o mercado imobiliário também nos apresenta frescor e esperança para o futuro. Desde 2014, o PIB da construção civil se mantinha em queda anualmente. Já em 2019, o contexto começou a mudar para melhor devido à queda da taxa de juros já citada e a inflação mais controlada. Contudo, apesar das paralisações do programa Minha Casa Minha Vida, que segundo um levantamento preliminar do CBIC (Comitê Brasileira da Indústria da Construção) conta aproximadamente 8.922 obras com pagamentos atrasados e da indefinição do Governo Federal diante de alguns processos do MCMV, o setor tem boas perspectivas para os próximos cinco anos, em especial devido ao aumento das parcerias público privadas que geram crescimento direto do setor devido à demanda de infraestruturas” – Pedro Spina, empresário e presidente da FIEMG Regional Vale do Paranaíba.

 

 

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