Fernanda Patrícia Vieira da Silva, Major PM
Fotos Divulgação
No Brasil, o ingresso da mulher na carreira policial militar iniciou-se no Estado de São Paulo em 1955.
Há mais de um século, o mês de março, especificamente o seu oitavo dia, é dedicado às mulheres. Paradoxalmente, a data, que deveria ser motivo de comemoração, é sempre marcada por reivindicações de igualdade de gênero, em virtude da não consolidação plena desse direito nas práticas da sociedade. Hodiernamente, no Brasil, os direitos das mulheres encontram-se estatuídos e consagrados em diversos diplomas legais, principalmente, na Constituição de 1988, portanto, o cerne do problema reside na fragilidade dos mecanismos de promoção e proteção desses direitos. A igualdade de gênero no mercado de trabalho tornou-se uma temática recorrente na pauta de reivindicações femininas. A mulher, a cada dia, desbrava fronteiras na busca de inserção em atividades majoritariamente ocupadas por homens, como a carreira policial militar. No Brasil, o ingresso da mulher na carreira policial militar iniciou-se no Estado de São Paulo em 1955. Em nosso Estado, a previsão de inclusão de mulheres nos quadros da Polícia Militar de Minas Gerais deu-se em 20 de maio de 1981, com a criação da Companhia de Polícia Feminina, efetivando-se o ingresso de 120 policiais militares do sexo feminino na primeira turma de formação de sargentos em 1º de setembro de 1981. Com a formação concluída em 1982, as mulheres iniciaram sua história na Instituição, exercendo diversos cargos, inclusive funções de comando e direção. Desde então, alcançaram o último posto na Polícia Militar de Minas Gerais, na patente de Coronel, oito mulheres. A Instituição busca promover e proteger os direitos das mulheres, observando e respeitando nossa condição peculiar, exigindo, porém, o mesmo desempenho profissional cobrado do policial do sexo masculino. Em 20 anos de serviço na PMMG, pude exercer diversas funções administrativas e operacionais e sentir na pele que a farda nivela todos, segundo o mesmo padrão, as individualidades que projetam a carreira profissional vinculam-se à dimensão de nossa estatura moral, intelectual e humana, sem acepção de gênero. Atualmente exerço a função de Comandante do Colégio Tiradentes da Polícia Militar em Uberlândia, atividade que carrega em sua essência a nobreza de educar e o desafio de arraigar valores na comunidade escolar. A presença feminina nas instituições policiais militares é uma necessidade institucional e social, que se traduz, de forma sutil, na simpatia incutida informalmente em um quarto elemento da continência*: o sorriso, que abriu portas para outras atitudes e comportamentos sensíveis no policial militar, ampliando o conceito de servir. (*de acordo com o artigo 19 da Portaria Normativa 660/Ministério da Defesa, de 19 de maio de 2009, a atitude, o gesto e a duração são elementos essenciais da continência individual).
Crédito
Major Patrícia é Aspirante da turma do Curso de Formação de
Oficiais do ano de 2003. É especialista em Segurança Pública.