Pensando nos jovens, principalmente de escolas públicas, grupos de todo o Brasil se organizam para promover ações de auxílio para alunos prejudicados pela pandemia do COVID-19

A partir do mês de março, instituições de ensino de todo o país foram obrigadas a fechar as portas para conter a disseminação do coronavírus. Escolas e pré-vestibulares particulares rapidamente adaptaram suas aulas para o sistema de Ensino a Distância (EAD), por meio de aulas online. No entanto, escolas públicas ainda apresentam inúmeras dificuldades para lidar com a nova realidade, devido a falta de estrutura, não só por parte das escola como dos alunos também.
Segundo a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), muitos municípios do país não possuem tecnologia adequada para oferta de EAD e professores sofrem com a falta de capacitação para essa modalidade de ensino. Essa preocupação com estudantes da rede pública trouxe um questionamento. Além de encarar a pandemia, terão que enfrentar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) no fim do ano, então como os alunos de escolas públicas estarão preparados?
Assim, vários grupos de universitários e professores se uniram para desenvolver formas de assistência, afim de reduzir a desigualdade entre esses alunos e a rede particular no momento das provas que definem a entrada na universidade. Muitas dessas organizações formadas por estudantes universitários, professores e profissionais formados, se dispuseram durante a quarentena para auxiliar esse público.
No início do primeiro semestre, juntamente com Camila Morais, estudante de Direito da UFRJ, Edivaldo Carvalho, aluno do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), começaram a articular o projeto que viria a se denominar “Enemzando”. Inicialmente com nove colaboradores, hoje a iniciativa conta com mais de trinta participantes de diversos estados do país e atuante de diferentes áreas do conhecimento, produzindo conteúdo e solucionando dúvidas nas redes sociais a respeito das disciplinas cobradas nos vestibulares.
“Tudo começou com o pronunciamento de Abraham Weintraub, juntamente com o diretor do INEP, dizendo que, até então, não iria adiar a data do ENEM. Tudo isso deixou a gente muito revoltado”, conta Edivaldo.
“O primeiro passo foi pensar em uma plataforma. Sendo de escola pública, nós sabemos que muitos alunos não têm acesso a um computador, mas eles têm acesso a um celular. Como eu faço esses alunos aprenderem através de um celular?, continuou o esrudante. Foi então que decidiu-se que o projeto se estruturaria no Instagram, principalmente pela ferramenta do IGTV, atingindo hoje mais de dois mil seguidores.
“Nós estudamos os cinco últimos anos do ENEM, fizemos uma curadoria do que seria passado aos alunos e montamos um cronograma para os professores” explica o co-fundador. Além disso, o projeto também conta com apostilas, correção de redação, lista de exercícios, dicas de estudo e lives com diferentes profissionais.

Articulado da rede pública para a rede pública, o Enemzando representa mais que um cursinho online. “Nós defendemos uma democratização do ensino. Um ensino público justo e de qualidade, universal e gratuito para todos e todas. A universidade foi, por muito tempo, pertencente a elite, e nós acreditamos que se ela é pública, paga com dinheiro público, ela é para todos”, ressalta Edivaldo Carvalho.
Além de mecanismos como esse, outros projetos já existentes ganham destaque nesse novo contexto. O Salvaguarda é uma das iniciativas que ajudam estudantes do Ensino Médio, principalmente os de baixa renda, a se prepararem para o ENEM. Efetiva desde 2017, a ação conta com ajuda de voluntários de todo o país atuando na proposta e correção de redações e possui um alcance de mais de vinte mil alunos.
“Atualmente são disponibilizadas quatro ferramentas: correção de redação, organização de estudos, grupos de monitoria e ajuda na escolha profissional. Todas independentes uma da outra”, explica Vinicius de Andrade, idealizador do Salvaguarda.
O projeto educacional é fundamentado em três pilares: motivação, informação e conteúdo. Já recebeu apoio de celebridades como Felipe e Rodrigo Simas, Isabella Santoni e Sophia Abrahão, além de ter sido reconhecido como representante do sudeste pela Brazil Conference em Boston, que reúne líderes em Harvard e no MIT. O trabalho dos voluntários continua funcionando de forma remota e auxilia diretamente as escolas da rede pública.
Por Communicare Jr. | Luísa Cardoso