MUNDO CULT
Wallace Gonçalves Neves
Fotos Arquivo Pessoal | Divulgação
Brasil é o segundo maior mercado fora da Europa.
Redescobrimento do Brasil. Quando os portugueses desembarcaram em terras brasileiras no século XVI, passaram a “negociar” com os nativos, trocando alguns bens pessoais com algumas riquezas de nossa terra. Mais de 500 anos se passaram e o bem precioso mudou de nome. Se chama vinho. Estive algumas vezes em Portugal, e conversando com alguns dos mais respeitados produtores de vinhos do País, me compartilharam uma informação muito importante: para a maioria das vinícolas de diferentes regiões, o Brasil é o segundo maior mercado fora da Europa, ficando atrás somente da Angola. Isso se deve ao grande investimento que a indústria vitivinícola portuguesa faz em nosso país, promovendo todo ano grandes eventos do setor. Quando falamos em Portugal, estamos nos referindo a um pequeno país localizado no canto sudoeste da Europa, de aproximadamente 560 km de comprimento para 160 km de largura. Porém, é um gigante na produção de vinhos. Seu produto mais emblemático é o Vinho do Porto, um vinho doce e fortificado que é apreciado em todo o globo terrestre. Em um artigo futuro falarei melhor sobre o vinho do Porto. Portugal é também terra de grandes vinhos secos. Um dos principais triunfos na produção de vinhos nas terras lusitanas é sua quantidade de uvas autóctones (indígenas). São mais de 250 espécies. Só para citar alguns exemplos: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Gouveio, Tinta Amarela, Alvarinho, Baga, etc. O território é formado por famosas regiões: Douro, Minho, Dão, Bairrada, Setúbal, Alentejo e os arquipélagos dos Açores e Ilha da Madeira.
Destaco as regiões do Douro e Alentejo, norte e sul de Portugal respectivamente. Douro – situado ao norte do país, em 2001 foi tombado como patrimônio da humanidade pela Unesco. Foi a primeira região demarcada do mundo, em 1756, pelo Marquês de Pombal. Possui um solo xistoso e clima continental seco. O Douro é dividido em: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior. Para vinhos secos e tranquilos a melhor sub-região é o Douro Superior. Está na divisa com a Espanha e os invernos são rigorosos e com verões quentíssimos. Se eu puder recomendar duas vinícolas de muitas existentes no Douro seriam a Quinta da Dona Matilde, que seus vinhos são incríveis e de ótima relação qualidade/preço. E a Rozes, uma propriedade que pertence a uma família francesa, onde se destacam na produção de vinhos do Porto. Para vinhos de mesa, sugiro os vinhos Terras de Grifo Rose e Tinto. Irão se surpreender. A região do Alentejo, como o nome já diz, está além do rio Tejo. No sul de Portugal. É o maior território português e o menor em população. Seu relevo é predominantemente de planície e seu clima é mediterrâneo. Embora existem 8 D.O.Cs no Alentejo, são os vinhos regionais que atraem as atenções do consumidor. Uma dica para quem quer desbravar os vinhos do Alentejo são os vinhos da Discórdia. Um projeto da Herdade Vale D’Évora que está no baixo Alentejo, nas proximidades de Mértola. Uma região quente, mas que o rio Guadiana influencia para amenizar as elevadas temperaturas nos vinhedos. Nesta rica e vasta região minha dica são os vinhos Discórdia Branco e Discórdia Tinto. O primeiro se destaca pela acidez e vivacidade. O segundo já é para quem busca força e estrutura. E na minha opinião é uma joia que precisa ser explorada. Santé!!!
Sobre o colunista
Wallace Gonçalves Neves é do Rio de Janeiro, onde atuou como Sommelier nos principais restaurantes e hotéis da cidade. É certificado ISG pelo TEP – Teacher Education Program da International Sommelier Guild, professor da Associação Brasileira de Sommeliers e jurado em concursos de vinhos no Brasil e no exterior. Neves tem em sua formação, cursos nas áreas de hotelaria, gastronomia, liderança e gestão de RH, além de estágios e atividades didáticas em restaurantes e vinícolas em países da América do Sul e Europa. Atuou como Sommelier Executivo no Sheraton Rio Hotel e Resort. Atualmente vive em Uberlândia, onde é diretor da Sommelier School e presta consultoria no segmento de vinhos para algumas empresas da região. Com alguns prêmios na carreira, Wallace conquistou entre outros, os seguintes títulos: “Campeão Concurso Sommelier (2011)”, “Sommelier do Ano Wine And Food Festival RJ (2016)” e “Melhor Sommelier do Brasil em Vinhos do Alentejo (2017)”, tornando-se Embaixador dos Vinhos do Alentejo no Brasil.