Renovação no Legislativo privilegiou lideranças ativistas e teve maior representatividade feminina.
O cenário eleitoral em 2020 foi muito diferente do registrado nas últimas eleições municipais, em 2016. Por mais que o resultado da disputa pela Prefeitura de Uberlândia tenha sido rigorosamente o mesmo. Ou seja, uma vitória massacrante do prefeito Odelmo Leão (PP) com mais de 70% dos votos válidos. Aliás, com a reeleição para o quarto mandato, Odelmo escreve definitivamente o nome entre os maiores da histórica política da cidade ao igualar a marca do lendário ex-prefeito Virgílio Galassi. Em todo caso, a reeleição do prefeito já era dada como certa. Nos municípios maiores, a disputa majoritária foi uma espécie de plebiscito sobre a avalição do desempenho do chefe do Executivo no enfrentamento da pandemia da Covid-19. Quem saiu-se bem, ganhou fácil. Foi o caso de Odelmo que foi firme ao promover ações para o isolamento social, contrariando aliados do meio empresarial, ao mesmo tempo em que buscou investir na ampliação da estrutura hospitalar. Correu riscos. Mas o rugido das urnas mostrou que a estratégia deu certo. Nas eleições de Uberlândia, no entanto, as novidades vieram principalmente da disputa pela Câmara de Vereadores. Recorde de candidatos, cerca de 860. Ou, mais de 35 postulantes para cada uma das 27 cadeiras legislativas. A inevitável renovação histórica – em função da ação do Ministério Público no final de 2019 que levou 20 dos 27 para a cadeia – foi ainda maior do que a esperada. Os poucos que evitaram a cassação ou conseguiram na Justiça o direito de disputar a eleição, fracassaram retumbantemente nas urnas. Mesmo os suplentes, que assumiram as vagas dos acusados, não tiveram bons resultados. Para vereador pesou muito a competência dos líderes partidários na hora de montar as chapas. O PP, comandado pela primeira-dama e secretária de governo Ana Paula Junqueira, foi o grande vitorioso com cinco eleitos. Podem esperar Ana Paula vindo quente na disputa de 2022. Já o PT surpreendeu com a campeã de votos, Dandara, com 5,2 mil votos, mas não teve competência para compor a chapa deixando fora “companheiro” com mais de 2,5 mil votos. Ainda vale registrar que a renovação na Câmara veio privilegiando lideranças ativistas. O que também gerou o positivo aumento da representatividade feminina no parlamento municipal. Foram muitos recados passados pelo eleitor em 15 de novembro de 2020. Cabe aos políticos terem a humildade para ouvir o ruído das urnas e ajustarem-se à nova realidade do perfil de representatividade que a população procura. Verdade nas ações e gestão da influência desde já são dicas para quem ainda sonha com um lugar ao sol no mundo político. Lembrem-se que 2022 já chegou.
Cezar Honório Teixeira é jornalista e consultor
empresarial em gestão da influência.