Ela foi a primeira mulher a assumir a presidência da Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (ACIUB) e comanda a Erlan, uma das empresas mais tradicionais da região
Rosalina Vilela é prática, mas não se engane, isso em nada retira seu charme e consciência do compromisso com os que estão à sua volta. Ela diz “que aquele que tem conhecimento tem o dever de ensinar o outro”. Nos anos 60, teve o primeiro empreendimento, uma boutique de roupas, a “Romeu e Julieta”, direcionada para o público jovem da época. Mas, sem dúvidas, é à frente da Erlan, empresa de alimentos que exporta para doze países, que demonstra talento para a gestão e relacionamentos.
Com posições definidas e sem medo de falar sobre elas, Rosalina destaca que empreender não é tarefa fácil. “Eu penso que os principais questionamentos e desafios de qualquer empresário hoje, no nosso país, é realmente a carga tributária e a burocracia existente, além da concorrência com outros países” (sic), esclarece.
Ela mesmo revela que é ansiosa, está acostumada a fazer muitas atividades e sempre trabalha para manter sob controle essa característica. É possível perceber que a vontade de aprender e conhecer as novidades ajuda muito a se manter atualizada. “Os jovens são meus clientes do futuro, por isso, gosto de trabalhar com eles e escuto inclusive os meus netos quando querem me falar algo sobre os produtos que produzimos”, revela a empresária. Além disso, conta que é consumidora assídua dos produtos da empresa, em especial, da bala toffee bombom e da nova linha zero açúcar, na qual as balas são feitas da junção de frutas e pimentas.
Você acredita que a mulher tem um estilo diferenciado de liderança?
Acredito sim, pois somos mais atentas aos detalhes. As mulheres possuem uma intuição e uma habilidade pessoal de empreender que são fantásticas.
Você questiona-se sobre seu desenvolvimento pessoal?
Melhorar é uma luta constante que todos nós devemos ter. Sempre me questiono com relação ao meu crescimento pessoal.
A história da Erlan tem alguma relação com Uberlândia?
Com certeza há uma relação muito importante entre nossa empresa e a cidade. Já estamos com quase 70 anos de história e penso que a empresa já não é somente minha e da minha família. A Erlan faz parte da cidade de forma intrínseca, ela tem uma obrigação social no desenvolvimento dos nossos cidadãos. É muito interessante, pois mesmo com essa idade, onde vou e converso, sempre tem alguém com uma história sobre a empresa.
Quais são suas inspirações?
Steve Jobs e meu pai.
Qual sua perspectiva sobre o futuro?
É muito interessante falar sobre isso pois, com as mudanças ocasionadas no mundo por conta da pandemia, devemos rever completamente nossa postura e nossos negócios. Com certeza, esse período chegou para nos ensinar uma forma diferente de fazer e de viver neste novo normal.
E esse momento que estamos vivendo?
A crise atual é muito séria. Estamos lidando com um inimigo desconhecido (Covid), mas não sou a favor do fique em casa, porque o mundo não parou, as pessoas precisam trabalhar, se alimentar.
Como você analisa a conquista de novos espaços pelas mulheres?
Isso, hoje, é tão natural que eu vejo com muita tranquilidade. As mulheres conquistaram de vez o espaço que elas sempre mereceram estar.
O que nós, como mulheres, precisamos desenvolver para estar preparadas para o momento atual?
A integração entre homens e mulheres é essencial. Não deve haver separação. Ambos têm expertises diferentes e devem aprender uns com os outros. Tal convivência nunca me assustou. Eu tive essa experiência, por exemplo, na Associação Comercial, que foi um período de crescimento e de muito boa convivência com todos os homens ao meu redor. Os homens são muito práticos. Então, se você entende que buscar “pelo em ovo” pode atrapalhar o negócio, é melhor ser realmente mais prático e objetivo nas decisões.
Qual o próximo desafio?
Quero paz. Não penso em expandir a empresa no momento, não é hora de pensar em dinheiro. O mundo todo se igualou. Quero paz. Não penso, agora, em conquistar nada. Quero paz para todos.
Com base na sua própria trajetória, qual é o conselho que você dá, em especial às mulheres?
Tenha coragem, vá em frente e teste os seus limites. Toda oportunidade que você experimenta na sua vida é uma oportunidade de aprendizagem. Diminua a autocobrança, diminua a preocupação com o sucesso e foque na oportunidade de aprender e crescer, o sucesso é somente uma consequência disso. Além disso, as mulheres precisam parar de criticar as mulheres. No mundo dos negócios, o foco deve ser o negócio, é preciso observar além das aparências. Focar na solução e não no problema. Olhar mais para a outra mulher como parceira e não como concorrente.
Vinho, água ou café?
CHÁ! (risos)