A simplicidade e a simpatia da cidade conquistam visitantes e moradores ano após ano
A antiga Toribaté, que, em 1949, recebe o nome de Monte Alegre de Minas, fica localizada no Triângulo Mineiro e reúne uma série de belezas e tradições do interior do estado. Sua história tem início em 1810, desencadeada por uma única família de viajantes em torno de uma capela construída em devoção a São Francisco de Chagas, atual padroeiro da cidade. Atualmente, o local chama atenção pelos inúmeros rios que o rodeiam, as graças e costumes históricos e o principal produto comercializado: o abacaxi.
O abacaxi
A abacaxicultura na cidade, introduzida nos anos 40, rapidamente ganhou destaque entre os comerciantes e a população. O sucesso foi tamanho, que em 1961 ocorreu o 1º Festival do Abacaxi, que mobilizou toda a comunidade em torno da produção que se tornou uma das bases econômicas mais importantes do local. O crescimento não parou por aí, consagrando a cidade nacionalmente como “Capital Brasileira do Abacaxi”, juntamente com uma série de cursos e novas tecnologias instaurados pela EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais).
Apesar da produção anual de 149 milhões de frutos colhidos, o plantio ainda é feito, em sua maioria, por agricultores familiares, segundo a EMATER – incluindo famílias assentadas pelo programa Banco da Terra, na década de 90. Ainda assim, o comércio atende, com uma dose de tradição e solidariedade, inúmeras cidades vizinhas. As feiras livres, que, em geral, ocorrem às quartas e domingos, além de serem fundamentais para a comercialização dos produtos e sustento das famílias, representam um grande símbolo da cultura local.
Cachoeira da Sangra
O município é rodeado de inúmeros rios, como o rio Babilônia e o rio Piedade. Além disso, cachoeiras de trilhas são as principais atrações naturais entre os moradores e visitantes que buscam a paz e a tranquilidade da vegetação interiorana. A Cachoeira da Sangra, localizada há dezesseis quilômetros da cidade, atrai muitos dos amantes do cicloturismo, atividade forte em meio a população.
O Clube PedalMonte, que reúne diversos moradores e ex-moradores do município, faz parte de sua tradição. Composto por centenas de ciclistas, o coletivo realiza percursos pela região do Triângulo Mineiro e defende que “mesmo com tantas responsabilidades do dia a dia, cada um merece o seu momento de retornar à essência e viver de forma plena, ainda que efemeramente, sobre a bicicleta.” A associação ainda realiza parcerias com diversas entidades da comunidade, como abrigos, voluntariados e a Associação do Coletores de Monte Alegre, a fim de promover arrecadação e conscientização, juntamente com a prática do mountain bike e ecoturismo.
@amcpedalmonte
A Associação é responsável, também, pelo Encontro Regional de Mountain Bike, que ocorre anualmente e já soma mais de cinco mil participantes. Com o objetivo de “promover a saúde e o bem-estar, divulgar o esporte mountain bike e conscientizar a todos sobre a preservação do meio ambiente”, o evento propõe percursos de quarenta e cem quilômetros, a fim de atender o público de 12 a 70 anos. Os ciclistas montealegrenses ainda marcam presença em grandes eventos do ramo, como a Copa Internacional de Mountain Bike, além de eventos regionais.
Rio Douradinho
Outras belezas naturais também compõem o itinerário da cidade, como o rio Douradinho, Cachoeiro do Lobo e Cachoeira do Ciro, que possui duas quedas d’água e aproximadamente 1,5 metros de profundidade. Localizada a 24 quilômetros do município, a Cachoeira do Lobo é uma das mais conhecidas, principalmente, pelos amantes de trilhas, mas exige cuidado para ser frequentada.
A Cachoeira do Rio Piedade e Cachoeira Pedra Caída também fazem parte do potencial turístico da cidade, que segue em desenvolvimento. A geografia pode ser explorada através de rodovias, como a BR 365 e BR 452, contando ainda com as tradicionais barracas de artesanato, que auxiliam no sustento de inúmeras famílias da região. O Posto Trevão, localizado no KM 58, é um dos principais pontos de referência da localidade e, desde 1958, acompanha viajantes da região.
O cenário urbano oferece, ainda, a face histórica de Monte Alegre de Minas, que ao longo dos anos manteve seus costumes, enquanto passa por constantes modernizações. O centro é repleto de construções ancestrais, como a Biblioteca Pública Municipal Rui Barbosa e o Centro Municipal de Artes (CEMA). A Igreja Matriz de São Francisco de Chagas, construída por volta de 1820 é um dos grandes símbolos da tradição da cidade, que adaptou-se com o passar do tempo.
A paróquia foi responsável por determinar todo o traçado urbano da cidade, consolidando em seu entorno as primeiras praças, residências e prédios públicos. É em seu conjunto que também ocorre a tradicional Festa de São Francisco de Chagas, o padroeiro da cidade, no dia 4 de outubro. Inúmeros rituais se repetem anualmente nas ruas e fazem parte da bagagem cultural do município, que convida visitantes e ex-moradores a retornarem e desfrutarem do clima interiorano e acolhedor.
Monte Alegre de Minas ainda abriga o Monumento aos Heróicos Retirantes, que homenageia cinco soldados da batalha de Laguna, durante a Guerra do Paraguai. Em 1867, os retirantes pareceram no local em decorrência da varíola e tiveram o patrimônio erguido em 1979. Também conhecido popularmente como Cemitério dos Bexiguentos, uma vez que a doença também recebia o nome de “bexiga”, sua construção foi fortemente reivindicada pelo jornalista, historiador e pintor Alaor Guimarães Mendonça. Hoje, o monumento é reconhecido como bem tombado e legitimado pelas Forças Armadas como local de honras militares.
“Aos heróis desconhecidos que retirando de Laguna, a milhares de quilômetros sem montaria, exaustos pelo cansaço, a fome, a cólera, em luta sem trégua com o inimigo, aqui vieram morrer vitimados pela varíola, glória eterna. Homenagem do Povo de Monte Alegre de Minas. 16 de setembro de 1967”
O Congado é, também, uma das festividades mais marcantes, reunindo cerca de 10 ternos todos os anos nas principais avenidas da cidade. Com início no sábado de aleluia e encerramento oficial no dia 14 de maio, esse símbolo da resistência negra possui o respaldo de toda a comunidade. As primeiras manifestações datam entre 1883 e 1888 e hoje são referência na região.