Alta do valor do diesel preocupa setor de frete em Uberlândia e desafia a logística no Triângulo Mineiro

O aumento constante dos combustíveis interfere diretamente no custeio da prestação de serviços de transporte que são repassados aos contratantes dos diversos setores

O ano de 2021 já acumula um aumento de 65,5% no preço do litro do diesel e, nas bombas, a alta para o consumidor final foi de 34,15% até o fim de outubro, de acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e pelo Valor DATA. Ainda assim, distribuidoras e importadores de combustíveis alegam que o preço praticado ainda está baixo da paridade internacional e pressionam a Petrobras a manter os reajustes para que o mercado continue sendo atendido e não haja risco de desabastecimento.

Diante desse impasse, até mesmo quem não tem carro ou caminhão é afetado direta ou indiretamente toda vez que a gasolina e o diesel ficam mais caros. Os preços dos combustíveis estão relacionados ao preço final de qualquer mercadoria ou serviço, visto que tudo depende majoritariamente do transporte rodoviário para ser transportado. “A influência do aumento do preço dos combustíveis no setor logístico do país é direta pois no Brasil o principal meio de transporte utilizado é o rodoviário, com a utilização de caminhões abastecidos por diesel. O aumento constante dos combustíveis interfere diretamente no custeio da prestação de serviços de transporte que são repassados aos contratantes dos diversos setores como: indústria, distribuidores, atacadistas e comércio”, explica a coordenadora do curso de Administração na Uniube campus Uberlândia, Juliana Palazzo.

De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga do Triângulo Mineiro (Settrim), Cleiton César da Silva, o valor dos combustíveis representa, na operação de transporte, entre 50 e 60% do custo. “O diesel, como teve um reajuste de mais de 60% somente neste ano, se tornou o grande vilão no transporte rodoviário de cargas”, aponta Silva.

Até o mês de agosto o setor de transporte estava trabalhando com cerca de 25% de defasagem, de acordo com a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). “De lá para cá o número subiu muito devido aos reajustes dos combustíveis. Ao longo de 2021 alguns transportadores conseguiram renegociar os valores entre 7 a 12% no máximo. O setor de transporte hoje passa por um momento muito crítico e nossa preocupação maior é que o transportador não consiga repassar aos embarcadores reajustes que façam frente a essa situação”, diz Silva.

Uma particularidade do segmento são as várias ramificações, que compreendem por exemplo o transporte de frios, de líquidos, gasoso, de secos e molhados, de carga viva e de grãos, o que dificulta estabelecer um valor único de reajuste para a categoria. Mas Settrim estima que o valor cobrado pelo frete deveria ser no mínimo 40% acima do que é praticado.

Atualmente, o Setrim conta com cerca de 100 associados e apresenta números, estatísticas e variáveis que proporcionam aos transportadores rodoviários parâmetros para poderem negociar com seus embarcadores de forma livre. Na avaliação do presidente, se houvesse uma programação de reajuste de combustível a cada trimestre ou quadrimestre seria mais fácil negociar com os embarcadores e prever os custos.  “Mas ultimamente de 15 em 15 dias nós estamos sendo surpreendidos com reajustes, então ninguém consegue negociar porque mal começa uma pequena negociação de aumento de valor com o embarcador já vem outra alta de combustível na sequência” relata.

“Enquanto sindicato, nossa maior preocupação é conscientizar o transportador dos custos de operação, pois só assim poderá chegar em um valor justo para desempenhar o trabalho. Se ele não tiver o valor real dos custos, vai ficar com defasagem e, consequentemente, está fadado ao insucesso. Para uma empresa de transporte sobreviver precisa ter lucratividade, que diante dos riscos existentes dentro do setor, já está muito achatada. O transportador rodoviário vai ter que ir ao mercado e colocar um valor mínimo de trabalho porque se o custo operacional é mais alto do que o que ele consegue repassar ao embarcador fatalmente vai encerrar o serviço” explica Silva.

Ao repassar os custos do transporte para os embarcadores, avança-se mais uma etapa da cadeia de distribuição até que esse custo chegue aos consumidores finais e é neste processo que a logística entra em ação. “Diante deste cenário, é necessário que os profissionais da área logística adotem estratégias para amenizar os impactos da alta do combustível, pois o constante repasse do aumento dos preços ao consumidor poderá frear o consumo em algum momento”, avalia professora Palazzo. “No entanto, vários são os fatores que devem ser analisados, se todo o aumento será repassado, em que tempo, quais ações serão realizadas no sentido de amenizar os efeitos da dependência de uma logística baseada em transporte rodoviário, entre outros fatores”, completa. Um exemplo é o que já acontece no próprio setor de transportes com a escassez de matéria-prima e dificuldade de reposição de frota. Hoje as montadoras estão com prazo de entrega de mais de seis meses para veículos novos e itens de consumo como pneus, peças, componentes eletrônicos, estão em falta no mercado ou com valores extremamente elevados.

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