Desde a primeira edição, os conteúdos presentes nas páginas da Revista Cult levaram para seus leitores muita informação e cultura, matérias que disseminaram novos hábitos e influenciaram comportamentos. Patrimônio riquíssimo, merece ser inventariado e compartilhado. Por isso, o Inventário Cult visa resgatar textos e pessoas que fizeram história e, por isso, estiveram na revista. Porém, embora já sejam parte do acervo histórico da Revista Cult, hoje tem novas histórias para contar.
Abrimos a coluna Inventário Cult entrevistando Dani Rotelli, capa das edições de n.º 02, de maio de 2005 e a n.º 25, de 25 de maio de 2007. A modelo falou de moda e projetos. Batemos um papo também com a Patrícia Magnino e Thaís Massaro, que estiveram na capa da edição n.º 13. Passados quase dezesseis anos desde a publicação, convidamos mãe e filha para uma releitura das fotos e, ainda, saber o que mudou nas suas vidas nesses anos.
Dani Rotelli
Dani Rotelli foi capa das edições de n.º 02 de maio de 2005 e a de n.º 25, de 25 de maio de 2007 da Revista Cult sabemos quem é, mas quem é a atual Dani Rotelli?
Dani Rotelli – Tenho 7 filhos, 3 humanos e 4 animais. Gosto de cuidar de tudo pessoalmente, o que me deixa sempre ocupada. Faço algumas reuniões, diariamente, relacionadas à minha empresa de paisagismo Ver de Dentro e à ONG Instituto Ipê Cultural. Mesmo com a agenda sempre cheia gosto de tirar um tempo pra mim, relaxar, ler um bom livro, ouvir música e tomar um bom vinho, às vezes, na companhia de bons amigos.
Citando Carlos Drummond de Andrade, em referência a sua cidade natal, que assim afirmou em sua poesia, Confidência do Itabirano, “Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!”, a cidade de Uberlândia, para Dani Rotelli, é apenas uma fotografia na parede?
Dani Rotelli – Uberlândia está no meu coração e não é mais uma fotografia na parede. Todas as vezes que fui morar fora sonhava em voltar. Eu voltei para Uberlândia há 4 meses, depois de uma temporada de 5 anos na Holanda e, desta vez, pretendo criar raízes e trabalhar em projetos que amo.
O que é ser modelo?
Dani Rotelli – Ser modelo é uma profissão como outra qualquer. Não é um Hobby. É preciso muito profissionalismo, força física e mental. Força física pois uma top nunca para; teve um tempo em que trabalhava sem pausa, pulava de país em país, trabalhando todos os dias sem finais de semana. Acordando às 05:00 para ir para o estúdio ou aeroporto. Os longos dias de filmagem ou fotografias são muito exaustivos, muitos deles trabalhando com fortes fusos horários. Força mental para nunca esquecer quem você é, ter autoestima elevada para que ninguém possa te manipular ou querer te mudar de alguma forma. As tops, geralmente têm personalidades fortes; só assim conseguem ter uma carreira longa e reconhecimento. Ser modelo é se tornar uma cidadã do mundo.
Qual foi sua maior conquista?
Dani Rotelli – Como modelo, conquistei tudo o que queria, trabalhei com os mestres da moda, grandes artistas, tenho orgulho de minha carreira. Mas, minha maior conquista é minha vida hoje, meus 3 filhos, meus animais, minhas plantas, uma família maravilhosa, amigos fieis e projetos que amo.
Qual o trabalho que mais gostou de fazer?
Dani Rotelli – Gosto muito dos desfiles, principalmente os de alta costura. Gosto de participar de todo o processo que antecede cada show e trabalhar lado a lado dos grandes gênios da moda. Mas o trabalho que mais me satisfaz é da minha empresa Ver de Dentro, onde trabalho ao lado de minha irmã, com plantas e paisagismo intimista. E outro que amo muito é trabalhar no Instituto Ipê, ONG de educação ambiental que trabalho já há 15 anos.
As modelos brasileiras conquistaram o mundo e as passarelas, mas, e a moda brasileira, irá conquistar o mundo?
Dani Rotelli – Acho que o Brasil não precisa se preocupar com isso, temos uma moda brasileira maravilhosamente brasileira. O Brasil é uma potência e não precisamos do reconhecimento internacional. Essa é minha opinião. Mas respondendo à pergunta é preciso autenticidade e contratos para conseguir entrar na “panela” que é o mundo fashion.
No mundo da moda, existe espaço para defender o meio ambiente?
Dani Rotelli – No futuro próximo, quem não se importar com o meio ambiente, não conseguirá progredir. Já podemos ver as grandes marcas sendo pressionadas para terem uma linha ecológica. Muitos não sabem, mas a moda é a segunda indústria que mais polui o planeta. Principalmente depois da chegada do fast fashion. Uma calça jeans, por exemplo gasta 5 mil litros de água até sua fabricação final, polui os rios, enche nosso ambiente de resíduos que são descartamos ilegalmente. E sem falar no trabalho escravo que existe no mundo da moda. Hoje, existem tecnologias incríveis em tecidos sustentáveis. No futuro, a moda será pressionada para ser mais consciente.
Como você compõe as peças do seu guarda-roupas?
Dani Rotelli – Adoro brechós e roupas vintages. Dou preferência a marcas conscientes, que utilizam mão de obra social e justa. No momento, estou criando uma coleção ecológica e social no Instituto Ipê Cultural, ONG de Uberlândia que sou madrinha há 15 anos e idealizadora do Ipê Ateliê. É um projeto que tenho muita paixão. Em breve, poderemos usar roupas que não agridem o meio ambiente, respeitam o ser humano e incentivam o altruísmo sustentável. Também priorizo o consumo regional; se eu estou na Itália, dou preferência a marcas italianas, na França às francesa, no Brasil às brasileiras, e assim vai. Se todos soubessem o peso que a moda tem no planeta seriam mais conscientes. Com a pandemia, muitos querem se conectar mais com a natureza, por isso, criamos o projeto Ver de Dentro, para ajudar as pessoas a levarem mais vida e o verde para dentro de suas casas. Sinto que estamos progredindo e o futuro há de ser melhor.
Patrícia Magnino e Thaís Massaro
Como foi essa experiência com a revista?
Patrícia Magnino – Da primeira vez, Thaís era uma criança de 5 anos acompanhando a mãe de 37. Hoje, tenho o prazer de poder voltar a fotografar com ela aos 20 e eu com 52. Se, em qualquer tempo da vida é um privilégio poder ter um registro como este, imagina viver essa oportunidade por duas vezes? Amei fazer!
O que mudou em sua vida desde à edição 13 da Revista Cult?
Patrícia Magnino – Nossa! Talvez responder o que não mudou seria mais fácil. Mas a maior mudança com certeza foi a maneira de olhar para mim. Aprendi a me perdoar, a ser gentil comigo, a me dar colo. Fiquei mais leve, mais alegre e passei a viver o agora com inteireza e com muito mais abertura para aprender o novo, o diferente e para mudar de ideia . Isso me deu uma paz que eu nunca tinha experimentado antes.
Se pudesse voltar no tempo, que conselho daria a si mesma?
Patrícia Magnino – Acho que aquele que a Dolly do filme Nemo repetia a si mesma: “continue a nadar, continue a nadar” Risos . Tudo passa, primeiro por cima, mas passa. Risos. A vida é muito breve! A gente precisa aprender a enfrentar as dificuldades com humildade e confiança, sabendo que nada permanece como está, nem o bom nem o ruim. E, quando estiver tudo bem, é preciso saborear devagarinho cada segundo.
Como o magistério entrou em sua vida?
Patrícia Magnino – Minha brincadeira preferida na infância era “escolinha”. Na lavanderia de casa, tinha um quadro com giz. As bonecas e os primos foram meus primeiros alunos. Aos 19, já estava na TV, mas também dava aulas de inglês para crianças no CCAA. Houve um momento que tive que optar pela TV e lá permaneci por vários anos. Foram quase 20 no jornalismo. Quando saí da TV, na semana seguinte, fui ser professora na Esamc. Lá estou até hoje. Já se vão novamente outros 20 anos, só que agora, como professora e me sinto cada vez melhor.
Como foi essa experiência com a revista?
Thaís Massaro – Da primeira vez que fotografamos eu era bem pequenininha, tenho mais carinho pelas fotos do que memórias mesmo daquele dia. Tenho que agradecer muito à revista pela oportunidade de reviver um momento que lembro com tanto carinho.
O que mudou em sua vida desde à edição 13 da Revista Cult?
Thaís Massaro – Bom, eu era bem criancinha naquela época e, hoje, já estou com 20 anos. É até difícil listar por quantas transformações eu e minha mãe passamos ao longo desse tempo. Acho que o que mais me marca é como nossa relação se tornou mais forte, como a vejo como minha companheira e como exemplo na minha vida.
Se pudesse voltar no tempo, que conselho daria a si mesma?
Thaís Massaro – Acho que falaria para me preocupar menos; que minha vida hoje é bem diferente do que eu imaginava que seria quando criança, mas que isso não é uma coisa ruim, mas pelo contrário; que cada experiência marcante foi única e decisiva para me tornar quem sou, hoje, mesmo que esse resultado seja diferente do que eu imaginava que seria.
Como a Psicologia entrou em sua vida?
Thaís Massaro – A Psicologia entrou na minha vida mesmo antes da edição 13 da Revista Cult. Faço análise desde que sou bem novinha e acho que com o passar do tempo, durante o Ensino Médio, fui me apaixonando pelas áreas de humanas e biológicas. Esse gosto foi crescendo ainda mais quando comecei a ler um pouco sobre a Psicologia, até o momento em que enxerguei a possibilidade de escolher esse caminho como profissão e paixão.