“Ser mulher é descobrir a força diariamente. É necessário uma força muito grande. Ser mulher é ser forte, ser mulher é levantar, a cada dia e entender que, às vezes, só não é um dia bom. Nem tudo é lindo, nem tudo é admirável. Mas entender a força que uma mulher tem, isso é admirável.”
Em uma carta aberta que comoveu o país, Klara Castanho revelou que foi estuprada, ficou grávida e passou por todos os procedimentos legais para entregar a criança para adoção. Mesmo assim a atriz foi alvo de criticas nas redes sociais. O mesmo sofrimento da atriz foi vivido, a cada 10 minutos, por uma mulher no país. O Brasil registrou 56.098 estupros de mulheres ao longo de 2021, de acordo com dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número do ano passado é 3,7% maior em relação ao ano anterior e equivale a um caso a cada dez minutos no País. De 2019 a 2021, o Brasil teve 73.442 estupros com vítimas de 0 a 17 anos. Apesar dos números assustadores, muitos casos não são notificados, por medo ou pela vergonha da vítima em ter que se passar por toda essa situação.
• Estima-se que, a cada ano, 0,26% da população brasileira sofra abuso sexual.
• A vasta maioria dos estupros não é relatada à polícia nem passa pelos hospitais.
• 15% dos estupros envolvem mais de um agressor ao mesmo tempo.
• 90% das vítimas são mulheres e 50% delas são menores de 13 anos. Metade delas são de pele preta ou parda e metade são brancas, ou seja, não é um fenômeno restrito a apenas parte da sociedade, mas sim geral.
• Mais de 70% dos estupros vitimizam crianças e adolescentes.
• 97% dos estupros são cometidos por homens.
• 24,1% dos estupros relatados têm como agressor o pai ou padrasto da vítima.
• 32,3% são amigos ou conhecidos da vítima.
• 20% a 40% dos casos de estupro estão relacionados ao consumo de álcool do agressor.
• Em 34% dos casos as vítimas apresentam estresse pós-traumático e transtornos de comportamento; 0,7% se suicidam.
• De 67% a 80% das crianças e adolescentes, vítimas de estupro, são vitimadas por conhecidos dentro da própria casa.
• Mesmo quando o agressor é um desconhecido, de 20 a 30% dos casos, de estupro a menores de idade ainda assim ocorrem dentro da própria casa da vítima.
• A maior parte das agressões são feitas dentro de casa por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima. A probabilidade de o agressor ser um estranho aumenta conforme aumenta a idade da vítima.
• Em 50% dos casos relatados, anualmente, de estupro por conhecidos, as vítimas relatam que já haviam sido estupradas outras vezes. Nos estupros por desconhecidos, esse número é de 15%.
As estatísticas foram extraídas da DATA-SUS e Cerqueira, D., & Coelho, D. D. S. C.. Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde e adaptadas ao conteúdo pela equipe da Revista Cult.
Na política, “dá ou desse.” na vida “dá ou desce.” até quando?
Parabéns às mulheres que denunciaram o assédio sexual na Caixa Econômica Federal. Nós não sabemos seus nomes, mas conhecemos e respeitamos a coragem. Sabemos como foi difícil passar por tudo o que vocês passaram. Os assédios, as pressões, as ameaças. E a força que foi necessária para romper o silêncio e fazer as denúncias. Conhecemos os desafios que aparecem ao enfrentarmos um homem em posição de poder, que usa a sua força e o seu cargo para constranger e calar as pessoas. Mas vocês falaram. Vocês foram às autoridades, contaram suas histórias, mostraram sua verdade. O medo de falar é enorme, sabemos. Mas a coragem para romper o silêncio é maior ainda.
E como foi importante revelar a verdade e desafiar o poder. Ao fazer isso, vocês não apenas se defenderam, mas protegeram outras mulheres que poderiam ser vítimas do mesmo assédio.
