É inegável que a tecnologia trouxe muitos avanços, benefícios e facilidades para todos, mas o uso excessivo pode ser e já tem sido um problema.
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Ceará e pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, em parceria com outras instituições, dá uma dimensão do prejuízo que o acesso aos celulares e tablets, nos primeiros anos de vida, pode trazer.
Os cientistas acompanharam 3.155 crianças cearenses desde o nascimento até elas completarem 5 anos de idade. Eles descobriram que, em média, 69% de todos os participantes foram expostos a um tempo excessivo de tela.
O trabalho ainda apontou que cada hora de uso desses dispositivos eletrônicos diminuiu, consideravelmente, a capacidade de comunicação, de resolução de problemas e de sociabilidade dos pequenos.
Mas os números que mais preocupam os especialistas, analisando uma faixa etária mais alta,são esses: 43% dos jovens brasileiros já testemunharam episódios de discriminação on-line. E as meninas são as mais impactadas por conteúdos prejudiciais: 31% foram tratadas de forma ofensiva, 27% acabaram expostas à violência e 21% acessaram materiais sobre estratégias para ficar muito magra.
Em relação aos idosos são algumas coisas a serem comentadas. A vida on-line fez com que aqueles que tinham certa predisposição à depressão utilizassem esse meio como refúgio. A internet tornou-se uma válvula de escape para problemas emocionais. Consequências psicofísicas, riscos de golpes financeiros ou roubo de dados em ambiente virtual são comuns. Sem a devida orientação, por exemplo, os idosos, por não estarem familiarizados com o ambiente digital, são mais suscetíveis a golpes financeiros, amorosos ou furto de dados na internet. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) estima que são mais de cinco milhões de pessoas idosas endividadas no Brasil, a maioria por meio de empréstimos com o crédito consignado oferecido pelas instituições financeiras por meio de excessivas propagandas.
Considerando o fato de que os celulares são parte da rotina da vasta maioria das pessoas, será que é possível ter uma relação mais saudável com a tecnologia? E como identificar as situações em que o uso desses dispositivos ultrapassou os limites, especialmente na infância e na adolescência? Por fim, vale reforçar que existem formas de identificar e tratar os quadros de vício no uso de celular e outros dispositivos eletrônicos. Para os casos em que há diagnóstico de um transtorno, é possível intervir por meio da terapia cognitivo-comportamental, uma abordagem da psicologia que busca analisar, racionalizar e propor intervenções nos hábitos e nos pensamentos.