“PERCEBI QUE QUANTO MAIS OS PROBLEMAS APARECIAM, MAIS EU QUERIA ME SUPERAR”
E foi assim que tudo começou. Sempre fiz alguma atividade física. Tentei jogar futebol, cheguei a fazer algumas aulas, mas sempre com sobrepeso, mal conseguia correr e quando a bola chegava aos meus pés, me atropelava e muitas vezes eu caía sozinho. Vôlei e basquete não eram para mim, pois a minha estatura nunca ajudou a praticar essas modalidades. Tênis até que foi legal, mas a preguiça não deixou continuar. E tentei algumas vezes também bicicleta, mas eu mais gostava de comprar a bike do que pedalar. Enfim, a musculação. Sempre ia à academia, mas nem sempre praticava da forma correta, com disciplina, pois a musculação é um esporte que não depende de ninguém, somente de você.
E agora chegamos ao ponto: depende de você e de mais ninguém. E este era meu problema, depender somente de você, quer dizer, de mim. Tudo era motivo para não treinar, para não ir ou então para chegar na porta da academia e ir embora. Se eu recebesse um telefonema de alguém, com um possível problema que simplesmente poderia ser resolvido após o treino, já era o suficiente para deixar tudo para trás. Em contrapartida, resolvi mudar a minha vida. Desde os meus 14 anos trabalhei na agência de comunicação do meu pai, a Fórmula P. Sou da área de comunicação desde que nasci e conclui a graduação em 2005, mas eu queria fazer algo diferente. Resolvi mudar de área, trabalhando com varejo e abrindo a primeira loja especializada Apple de Uberlândia e região, dentro de um shopping.
Grande virada na minha vida. Em todos os sentidos. E com isso as coisas pioraram.
O nível de stress aumentou, a comilança inadequada aumentou também. Com a intenção de amenizar os estragos que vinha causando em minha saúde (pois sempre tive consciência disso) me matriculei na academia do shopping. Bastava subir a escada rolante que já daria de cara com a porta da academia. E ainda tinha o luxo de ter um personal trainer me buscando “amarrado” para irmos treinar. E isso adiantou? Resolveu? De jeito nenhum. Pois mesmo o personal indo me buscar na loja, eu sempre arranjava alguma desculpa para não treinar. Na verdade, problemas existem e sempre existirão, mas eu fazia deles o meu escudo para não tomar providências quanto ao meu corpo e, consequentemente, minha saúde. Quando falo de saúde, não falo necessariamente somente da saúde do corpo, falo da saúde mental. Pode até perecer clichê, mas praticar atividade física é o melhor remédio para depressão, ansiedade e outros graves problemas que, cada vez mais, acometem as pessoas que vivem essa vida estressante e caótica. E quando não tinha mais o que inventar, chegava na academia sem vontade, desanimado, com nenhuma projeção de melhora, ou seja, eu era um fracasso.
E a culpa ainda me perseguia toda vez que me pegava nessa reflexão: para que então pagar uma das melhores academias, ter um ótimo profissional por conta no período de uma hora? Pra nada. Os resultados estavam longe de serem alcançados porque milagres podem até acontecer, mas também temos que criar caminhos para que eles aconteçam.
Acho que o meu milagre aconteceu e foi num dia comum de treino, onde o meu personal trainer, Thiago Frazão, fez o favor de me fotografar e me enviar as fotos algumas horas após o treino. Assustei quando me vi. Muito acima do meu peso, treinando de qualquer jeito, desanimado, desarrumado. E junto com a foto ele me chamou atenção que se eu continuasse a treinar daquele jeito, o único resultado que eu teria era o bolso mais vazio. Isso me fez parar para pensar, e muito. Nesse mesmo período, marquei então a primeira consulta com um Nutricionista Esportivo. Ao ver minha avaliação, percebi que precisava de mudança. Nunca tive nada grave relacionado a problema de saúde, mas provavelmente se eu insistisse com a mesma alimentação e sem atividade física regular, poderia sim provocar e levar a alguma DCNT (Doença Crônica Não Transmissível).
Alguns amigos até brincavam comigo, porque além de alimentar muito mal, eu era um cara que não bebia água. Paralelo a tudo isso, devido ao trabalho e stress do dia a dia, os problemas foram aumentando. Era tudo ou nada. Ou eu entrava de cabeça, corpo e alma em outro estilo de vida, ou então afundaria eternamente nos problemas, stress e obesidade. E foi assim que dei a maior reviravolta da minha vida.
O que antes era motivo de desculpas para não ir (os problemas e os stress), eu resolvi fazer o contrário, ou seja, eu buscava forças na atividade física, em paralelo com uma alimentação saudável para enfrentar o stress, os problemas e a obesidade. Eliminei os produtos industrializados, processados, açucares e excesso de sal. E para completar o meu start, resolvi fazer uma caminhada no Parque do Sábia sozinho.
A intenção era caminhada com corrida. Vi que era possível. Senti e acreditei que iria conseguir. Resolvi ir todos os dias, sempre em busca de evoluir e aumentar a distância percorrida. Na verdade, fui me despertando para o prazer de correr e a cada corrida que fazia, mais eu queria correr e me alimentar de forma adequada para minhas corridas. A perda de peso foi consequência de uma mudança de hábito em todos os sentidos. E não foi por acaso e nem do dia para a noite que meus resultados começaram a aparecer: balança caindo, melhor qualidade de vida e redução do stress. Percebi que quanto mais os problemas iriam aparecendo, mais eu queria me superar, mantendo-me firme na nova alimentação e nas atividades físicas. Passei por diversos nutricionistas, treinadores e academias. De fato, entrei em um outro universo.

Demorei 35 anos para o grande despertar e nessa minha trajetória eu me conheci de verdade, incluindo uma nova projeção profissional. Passei um ano todo pensando se deveria ou não fazer outra faculdade. Segui meu coração e, em 2016, matriculei no curso de Nutrição. Impressionante a diferença de estudar algo que amamos de verdade. Não tem dia, nem hora e nem lugar. Tudo então se tornou diferente e mágico ao mesmo tempo. Minha mudança foi tão radical, porém lenta. Hoje vejo com clareza todos os processos que passamos psicologicamente quando desejamos emagrecer, as desculpas que nos impedem, os limites do corpo e, enfim, o prazer de se ter resultados. Com a minha experiência prática e agora teórica, terei então a minha nova e definitiva profissão. E continuo com mais qualidade e consciência com relação às minhas atividades físicas. Treino 6 vezes por semana (CrossFit e Musculação), pratico as duas modalidades no mesmo dia, e tenho o meu descanso ativo aos domingos – o prazer de correr. E sigo um plano alimentar elaborado por mim mesmo. Nesta minha caminhada, compreendi que não devemos esperar o melhor momento, a melhor época, a melhor fase de nossas vidas para mudar, ou melhor, para recomeçar. Com quase 40 anos, sinto que estou começando a viver a vida que sempre quis ter, mas que nunca imaginei que iria chegar. Logo mais terei o meu próprio consultório e o prazer de ajudar outras pessoas a trilharem o mesmo caminho que o meu.