BEM CULT
Résia Morais
Fotos Mauro Marques | Divulgação
Estamos perdendo o controle de quem realmente somos e o que queremos.
Desde meados da década de 60, a psicologia vem tendo uma forte ligação com a tecnologia. Joseph Weizenbaum criou o primeiro computador-terapeuta, um Chatbot denominado Eliza. O programa foi desenvolvido para responder de maneira semelhante à técnica construída pelo psicólogo Carl Rogers. O método consiste em devolver para o paciente os questionamentos e afirmações apresentados ao programa Elisa. A técnica propõe que o paciente, ao ouvir seus próprios questionamentos, conseguirá avaliar suas ações e fazer mudanças. Portanto, o roteiro de Eliza era considerar as palavras e/ou o conjunto de palavras que eram mais presentes no diálogo da pessoa e reproduzi-las. É claro que a moda passou e hoje ninguém consideraria Eliza, ou algo mais desenvolvido como a Alexa, uma terapeuta extraordinária. Entretanto, novas tecnologias têm surgido e, de fato, essencial em vários tratamentos. A técnica de Exposição com Prevenção de Respostas, por exemplo, utiliza tecnologias de realidade virtual e proporciona dessensibilizar o paciente, aproximando-o do objeto ou animal temido, estruturando o cérebro a assimilar que o objeto fóbico não aciona seu sistema de prevenção e ansiedade (medo).
É sabido que as dependências tecnológicas vêm crescendo de forma exponencial, entretanto precisamos refletir que tudo pode se tornar algo destrutivo com estruturas de dependência. Tudo pode ter uma referência comportamental consumista e obsessiva. O segredo está na palavra “controle”. Nós estamos perdendo o controle. O controle de quem realmente somos e o que queremos. Estamos deixando as tecnologias nos controlar. Nós precisamos mudar. Eu acredito que a AI (Inteligência Artificial), com o uso das redes neurais artificiais, poderão filtrar e disponibilizar a nós, profissionais da Saúde Mental, estruturas de controle com mais agilidade e fidedignidade. Portanto, devemos repensar sobre nossos recursos de controle que estamos utilizando para administrar nossas emoções e comportamentos. Quem sabe fazer da tecnologia nossa aliada, já que ela vem provando a importância de existir neste momento de pandemia.
Résia Silva de Morais – CRP-MG 04/31203, Doutoranda em Ciências – UFU.
Profª. Psicóloga Clínica em TCC e Psicopedagoga – UFU, Especialista em
Terapia Familiar e Hospitalar, Mestre em Psicologia da Saúde – UFU. [email protected]