O espumante dos reis, e o rei dos espumantes.
O vinho mais sofisticado do mundo. Associado ao glamour, à amizade e grandes celebrações. Com o final do ano se aproximando, um estilo de vinho ganha o protagonismo. São os espumantes. Para quem quer fazer bonito nas noites natalinas e de réveillon, basta escolher um bom espumante para brindar. Existem espumantes para todos os gostos e todos os bolsos. Além de ser um estilo de vinho curinga para harmonizar com todas as etapas da refeição. Porém, nesse artigo irei falar mais sobre o Champagne. Basta dizer essa palavra para as pessoas começarem a sorrir, relaxar e até fantasiar. Coco Chanel dizia que tomava a bebida em duas ocasiões: quando estava apaixonada e quando não estava apaixonada. Casanova o considerava um “equipamento essencial à sedução”. A arte de capturar bolhas em um frasco não foi resultado de uma inspiração repentina e uma simples invenção. Levou séculos para o vinhateiro entender a mecânica da fermentação e dominar o processo. Ninguém sabe ao certo, onde e quando o vinho foi criado. Provavelmente ocorreu por acidente. Alguém teria deixado uvas esmagadas em algum recipiente e o suco entrou em contato com as leveduras convertendo os açúcares em álcool e voilá! Surgiu o primeiro vinho.
No caso dos espumantes não foi tão diferente. Para que as leveduras metabolizem os açúcares contidos no mosto é preciso calor. Porém, em algum momento, o inverno veio mais precoce e as leveduras entraram em um período de dormência. Depois veio a primavera, as temperaturas subiram, as leveduras acordaram e seguiram com seu trabalho, deixando o vinho com gás carbônico, formando as famosas perlage (pérolas). Muitos apreciadores mencionam o Champagne como o primeiro espumante feito no mundo, por intermédio de Dom Pierre Perignon. Um monge beneditino da abadia de Hautvillers, França. Mas, a bem da verdade, é que o processo de produzir espumantes teria sido desenvolvido na abadia de Saint Hillaiire, próximo a cidade de Limoux no Languedoc, sul da França, a 150 anos antes de Dom Perignon. Deixando a história um pouco de lado, é importante saber que todo Champagne é espumante, mas nem todo espumante é Champagne. Para ser Champagne, o vinho deve ser produzido na região do mesmo nome, a Champagne, que se encontra ao norte da França, com a uvas autorizadas e por um processo específico da região chamado champenoise, onde a segunda fermentação é feita no interior da garrafa, e um envelhecimento mínimo (15 meses para champagnes não safrados e 36 meses para champagnes safrados), antes de ser comercializado. Muitos países se destacam na produção de espumantes. Posso citar a Itália com seu famoso e popular Prosecco, a Espanha com suas Cavas produzidas na região de Penedes, e o Brasil. Por falar em Brasil, sem dúvida os espumantes são nossos principais produtos. E com ótima relação custo-benefício. Poderia recomendar dezenas de rótulos. Mas prefiro deixar os leitores à vontade para escolher o que melhor lhes agrada. Para finalizar, deixarei um brinde russo que diz: “Um brinde à saúde, à prosperidade e aos bons momentos. Que sejam tão abundantes quanto as perlages que brotam da taça de um espumante”.
Sobre o colunista
Wallace Gonçalves Neves é do Rio de Janeiro, onde atuou como Sommelier nos principais restaurantes e hotéis da cidade. É certificado ISG pelo TEP – Teacher Education Program da International Sommelier Guild, professor da Associação Brasileira de Sommeliers e jurado em concursos de vinhos no Brasil e no exterior. Neves tem em sua formação, cursos nas áreas de hotelaria, gastronomia, liderança e gestão de RH, além de estágios e atividades didáticas em restaurantes e vinícolas em países da América do Sul e Europa. Atuou como Sommelier Executivo no Sheraton Rio Hotel e Resort. Atualmente vive em Uberlândia, onde é diretor da Sommelier School e presta consultoria no segmento de vinhos para algumas empresas da região. Com alguns prêmios na carreira, Wallace conquistou entre outros, os seguintes títulos: “Campeão Concurso Sommelier (2011)”, “Sommelier do Ano Wine And Food Festival RJ (2016)” e “Melhor Sommelier do Brasil em Vinhos do Alentejo (2017)”, tornando-se Embaixador dos Vinhos do Alentejo no Brasil.