Por muito tempo, ele foi morador de rua.
O documentário “Menino 23, Infâncias Perdidas no Brasil” é uma produção nacional e é inspirada no trabalho do professor de História Sidney Aguilar que, durante uma aula sobre nazismo, é informado por uma aluna algo assustador: tijolos marcados com a suástica, o símbolo nazista, em uma fazenda no interior de São Paulo. Determinado a descobrir a verdade por trás das peças, Sidney investiga e busca pistas para entender a fundo o que aconteceu naquele lugar.
Entre documentos que se esfarelavam, Sidney conheceu a história de 50 meninos de 9 a 11 anos que trabalharam na fazenda Santa Albertina na década de 1930. Pobres e negros, eles viviam no orfanato carioca Romão de Mattos Duarte, até que a chegada de um homem com balas no bolso alterou seus destinos. Selecionados por causa de sua astúcia e disposição para pegar doces jogados na quadra, as crianças foram levadas à fazenda para trabalhar em regime de escravidão.
As memórias preciosas e feridas são as de Seu Aloísio, Seu Argemiro e da família de José Alves de Almeida. Seu Aloísio – o Menino 23, porque não davam nome aos meninos trabalhadores – é um corpo vergado pela falta de infância. Um homem que percorre os labirintos de sua revolta, de não ter como responsabilizar quem fez dele “um homem sem futuro”.
Seu Argemiro foi o único dos meninos que conseguiu fugir da fazenda. Mas a fazenda não saiu de sua vida. Por muito tempo, ele foi morador de rua.
José Alves, o Dois, vive nas lembranças de sua esposa e filhos; foi empregado doméstico na fazenda Santa Albertina e, embora acreditasse em situação melhor, cresceu com cicatrizes e tristezas persistentes.
Ficha técnica
Diretor: Belisário Franca
Elenco: Circe Bittencourt, Maria da Glória, Reginaldo Alves Almeida, Sidney Aguilar Filho, Aloísio da Silva, Argemiro Santos
Prêmios: Grande Prêmio do Cinema Brasileiro – Melhor Longa-Metragem Documentário
Roteiro: Belisário Franca, Bianca Lenti
Produção: Maria Carneiro da Cunha, Lia Rezende