No início dos anos 80, o Brasil vivia um turbilhão de arte, música e entretenimento. Bandas como Legião Urbana, RPM, Blitz, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor e várias outras nos bombardeavam os ouvidos com música de qualidade, letra de qualidade e rock poético de qualidade.
E um menino de origem humilde, sem muitos recursos financeiros, vagava pela noite de Uberlândia, sonhando e viajando nos acordes e sons das bandas locais. Muitas vezes a única companhia era uma coca-cola quente a noite inteira, enquanto os olhos e coração se enchiam de acordes, letras e melodias. Eram tempos em que equipamentos e instrumentos musicais eram muito caros e pouco acessíveis aos menos endinheirados.
Porém, aquele menino, apoiado pela sua mãe, iniciou suas primeiras aulas de violão em casa. Cursou 4 anos de conservatório e caiu na universidade da vida e dos palcos, se dedicando também à compra de seu próprio equipamento de som e iluminação. Lembro da minha primeira caixa acústica da marca Frahm, um sonho materializado na simplicidade de um começo musical, em uma precariedade técnica de dar dó. Mas já era um começo.
Os primeiros palcos foram abertos pelos amigos Gláucio Borges e Gaspar Campos, que já eram estrelas da noite uberlandense e sempre deixavam que eu tocasse “Camila, Camila” do grupo Nenhum de Nós, até então a única música do meu repertório. Nunca esqueci a sensação de subir no palco e levo comigo esse aprendizado: todo palco deve ser livre a quem queira nele estar, independente do talento.
Passados anos tocando em festas de amigos, bares(muitas vezes dos mais baixos níveis), pamonharias, rodoviárias, terminais de ônibus e carrocerias de caminhões.
Passados anos de muita insistência, de muitos pedidos negados, de muitos nãos na cara, de muitas portas fechadas, às vezes por prepotência dos gerentes, outras vezes por sacanagem dos músicos mais antigos. Mas acredite, a natureza é implacável e como dizia aquela canção, “quem acredita sempre alcança”.
Foram 6 anos de Europa, muitos palcos iluminados, muitos festivais de inverno e de verão europeu, muitas experiências com músicos do mundo inteiro, e o estudo da bossa nova e do samba brasileiro fez com que aquele menino humilde fosse aplaudido de pé no velho continente.
De volta ao Brasil, várias formações musicais até encontrar o ponto certo. É difícil, na música, encontrar o ponto ideal entre o que faz o músico feliz e a plateia também feliz. Talvez, esse seja o segredo para que hoje o projeto TOLUCCI TRIO atinja tão em cheio os corações do público.
Antes de encher o público de alegria, nossos corações – o meu e dos meus companheiros de banda – já estão cheios de amor e felicidade por termos um repertório que nos alegra demais.
Hoje, tenho plena força e vigor na voz e no meu violão, acompanhado das guitarras certeiras e surpreendentes do professor José Henrique Mudat, frequentemente chamado de Eric Clapton, com 30 anos de música, que entende perfeitamente o que o projeto precisa, na medida certa.
E, há pouco tempo, trouxemos a jovialidade do nosso baterista Lucas Pereira, que nos oferece um preenchimento rítmico com objetividade e precisão.
Então, para você que está lendo isto agora, saiba que nosso palco é também seu palco. Nosso repertório é também o seu repertório e nossa história construímos junto com você, um dia por vez. Agradeço à minha mãe, que sempre me fortaleceu e tenho certeza que está fortalecendo de onde ela estiver. O show não pode parar! O tempo não pára!