Quem é Guilherme de Freitas?
GUILHERME DE FREITAS – Sou um médico que viu em um problema a oportunidade de me tornar um escritor e, por meio de minha escrita, ajudar milhares de pessoas que viveram ou vivem o mesmo drama, seja como paciente, como familiar, como acompanhante… o importante é que a história consiga se tornar um meio de superação. Existe um rótulo social (e de saúde) que designa “fulano é normal”, com base em muitos quesitos. Mas, o que é ser um sujeito normal? A normalidade está dentro de cada um. E fica bem escondida. Somente um olhar minucioso, para nosso interior, é capaz de encontrar a tal normalidade.
Quantos livros você tem publicados? Você pode falar um pouco sobre as suas obras?
GUILHERME DE FREITAS – São dois livros publicados até aqui. “O quarto 65”,uma escrita de biografia médica paciente, em que narro minha trajetória de transição médico/paciente. O momento do AVC, o coma, o pós-coma… toda uma narrativa a partir da vivência do paciente. Menciono parte de minha carreira acadêmica de Medicina, parte de minha vida profissional, e de como foi acordar sem movimentos, na UTI do hospital onde eu trabalhava. A obra apresenta os bastidores da minha reabilitação. A primeira edição está esgotada e a segunda edição está a caminho, então, é o momento de o leitor adquirir a obra e ter suas próprias conclusões. O segundo livro: “Desafiando a Ciência” vem trazendo a “trivialidade” do dia a dia de uma pessoa com deficiência (se é que existe algo trivial em um cotidiano tão exigente). A obra apresenta as histórias e as dificuldades, sintonizadas a um bem-querer maior que é estar de bem com a vida, sempre em prol da alegria, das superações, ou seja, a vida não para e, também, é importante demais para se perder em lamúrias.
O que podemos esperar de sua nova obra?
GUILHERME DE FREITAS – Eu, particularmente, gosto muito desse livro novo, é um conjunto de oito contos, com um final inusitado. Trago histórias de ficções que se esbarram no cotidiano de muitos, e cada uma traz a sua comicidade, suas verdades e leveza. Os contos vêm arrastando o leitor para uma linha de pensamento e, de repente, surpreendem-no. Eu não vou contar porque quero ver a reação do leitor.
O que o escritor Guilherme de Freitas gosta de ler?
GUILHERME DE FREITAS – Sou um leitor eclético, gosto de ler tudo que é palavra escrita, mas a Filosofia e os Romance Policiais ocupam uma cadeira especial em minha biblioteca.
O que o motivou a escrever livros?
GUILHERME DE FREITAS – A motivação inicial foi uma forma de desabafo. Eu queria expressar minha angústia por estar preso a um corpo sem movimentos. Um Cirurgião, no auge de sua carreira, subitamente se ver encarcerado em um corpo sem movimentos é algo, no mínimo, inaceitável, pelo menos no primeiro instante. Eu queria entender como tudo havia acontecido e só podia me expressar por meio de palavras, letra por letra. Foi assim que escrevi meu primeiro livro. Mas a dona Literatura é uma moça formosa demais, então, me apaixonei, perdidamente, por ela. Pedi-a em casamento, mas ela prefere o namoro porque é mais emocionante. Daí vieram mais filhos. Primeiro, “O quarto 65: uma janela para a vida”, depois sua tradução para o Inglês, em seguida, nasceu o “Desafiando a ciência”. E, agora, em gestação, está “O óvulo e a viúva”. Descobri que a palavra é libertação, tanto para o escritor como para o leitor.
Como é a sua rotina de trabalho, atualmente?
GUILHERME DE FREITAS – Sou médico Ortopedista e Cirurgião, contudo, após o Acidente Vascular Cerebral, reformulei minha profissão. Atualmente, atuo como médico na Hiperbárica do Hospital Santa Genoveva, fazendo avaliações, relatórios e consultas de segunda a sexta-feira, pela manhã; minhas tardes são reservadas às minhas fisioterapias e fonoterapias, em um esforço ímpar meu e de minha equipe médica para que haja mais qualidade de vida; os sábados são voltados para o trabalho voluntário, seja como médico, seja como psicólogo em algumas casas assistenciais. E, claro, diariamente, reservo um tempinho para a leitura e a escrita.
Quais os seus principais objetivos como escritor?
GUILHERME DE FREITAS – O principal objetivo agora é fazer o lançamento do terceiro livro “Óvulo da viúva: contos inusitados”. Porém, meu maior sonho está em levar a Literatura à parte maior da população, contribuindo, efetivamente, com a cultura e educação. Sem conhecimento, não há ciência, sem leitura não há interpretação e, sem interpretação, não há conhecimento.